O desenvolvimento infantil está compreendido dentro do desenvolvimento humano, e
pode ser definido como um processo de amadurecimento, de continuidade e mudanças,
ao longo do tempo, no qual diferentes habilidades são desenvolvidas, seguindo uma
sequência progressiva desde o começo da vida. Os profissionais de saúde da atenção
primária possuem como responsabilidade, a vigilância do desenvolvimento infantil, com
a incorporação de conhecimentos que apoiem as famílias e cuidadores nesse processo.
O objetivo desse estudo foi analisar as contribuições de um processo de educação
permanente com profissionais da atenção primaria frente aos conhecimentos e práticas
sobre a promoção do desenvolvimento infantil à luz da Teoria Bioecológica do
Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner. O estudo seguiu as etapas da pesquisa
ação, com abordagem qualitativa. Os participantes foram profissionais de saúde da
atenção básica, os quais trabalhavam com crianças de zero a seis anos, em três equipes
de saúde da família, no bairro da Várzea, no município do Recife. A coleta de dados se
deu por meio da técnica de grupo focal na modalidade de grupo operativo, e se deu ao
longo de oito encontros, onde ocorreram os grupos focais. AAção Educativa, contemplou
as etapas de ação-reflexão-ação, conforme diretrizes da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde, e foi executada em conjunto com os participantes, por meio de
atividades de ensino-aprendizagem e aplicação dos conhecimentos à realidade do
trabalho com crianças e famílias. A avaliação ocorreu de forma processual ao longo da
ação educativa, além de uma avaliação após um mês do término da ação educativa. A
partir dos conhecimentos construídos ao longo dos grupos focais, foram construídas
indutivamente e dedutivamente três categorias temáticas: 1) Práticas profissionais e
conhecimentos prévios sobre o desenvolvimento infantil; 2) Reflexões sobre os novos
conhecimentos e novas ressignificações para a prática profissional; 3) Planejamento e
implementação de mudanças na prática. Ao analisar os dados à luz da Teoria de
Bronfenbrenner, as pessoas presentes no desenvolvimento foram a avó, a mãe e o
profissional de saúde. Os processos proximais estabelecidos entre as pessoas eram
principalmente negativos. A violência, o uso de drogas, a pobreza, a falta de creches e
educação, o desemprego, o machismo e falta de planejamento familiar formavam o
contexto em que o desenvolvimento ocorria. O tempo foi o componente menos presente
no discurso dos profissionais e aparece como um marcador das mudanças que se deseja
que aconteça e das alterações na sociedade. A intervenção de educação permanente
permitiu reflexões no processo de trabalho dos profissionais e reflexões na vida pessoal
dos profissionais. Os profissionais de saúde também vivenciaram mudanças em suas
práticas profissionais e foram capazes de planejar intervenções que promoviam o
desenvolvimento. A motivação foi outra mudança que também foi identificada na fala dos
participantes, que relataram estarem com mais otimistas quanto a mudanças na
comunidade em que trabalhavam