Validação clínica do diagnóstico de enfermagem Risco de binômio mãe-feto perturbado em gestantes de
alto risco
Diagnóstico de Enfermagem. Educação em Saúde. Enfermagem. Estudo de Validação. Gestação de Alto Risco. Teoria de Enfermagem.
A interrupção da relação simbiótica materno-fetal leva a um comprometimento da fisiologia gestacional e das interações afetivo-emocionais entre a mãe e o feto. Quando isso acontece, é necessário operacionalizar o Processo de Enfermagem por meio da coleta de dados, com vistas a identificar Diagnósticos de Enfermagem e realizar intervenções de educação em saúde que promovam o autocuidado e que previnam os desfechos gestacionais desfavoráveis. O objetivo desta pesquisa foi estimar a validade clínica do Diagnóstico de Enfermagem Risco de binômio mãe-feto perturbado em gestantes de alto risco. Trata-se de um estudo de validação de Diagnóstico de Enfermagem realizado em três momentos: 1) Construção da Teoria de Médio Alcance por meio de seis etapas: definição da abordagem de construção; definição do modelo conceitual; definição dos principais conceitos; construção de um esquema pictorial; construção das proposições; e estabelecimento das relações causais e das evidências práticas; 2) Validação interna (avaliação) da Teoria de Médio Alcance por meio do método Delphi, em que foram realizadas duas rodadas de avaliação - com sete e quatro juízes, respectivamente, por meio da aplicação de um instrumento que continha as variáveis referentes ao perfil dos participantes e aos itens da teoria; e 3) Validação clínica do diagnóstico de enfermagem Risco de binômio mãe-feto perturbado por meio de um estudo caso-controle (o grupo caso foi composto por 31 gestantes de alto risco identificadas com o desfecho “ruptura da relação simbiótica materno-fetal” e o grupo controle por 124 gestantes de alto risco identificadas sem o desfecho). Dois instrumentos de coleta de dados foram aplicados e continham as variáveis sociodemográficas/gineco-obstétricas e as definições conceituais e operacionais dos antecedentes, que foram avaliados quanto à presença ou ausência. Os dados foram tabulados e validados no software Epi Info e analisados pelo software Stata. Este estudo teve aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco e do Hospital das Clínicas de Pernambuco. A teoria foi considerada válida quando o Índice de Validade de Conteúdo dos itens foi ≥ 0,80. Os antecedentes foram considerados capazes de aumentar as chances para a ocorrência do desfecho quando o p-valor foi < 0,05 e a Odds Ratio (OR) > 1. A Teoria de Médio Alcance foi construída e consta com 10 fatores de risco, quatro populações em risco e seis condições associadas do Diagnóstico de Enfermagem em estudo, além de 14 proposições e um pictograma. Após duas rodadas de avaliação, a teoria foi considerada válida. Na validação clínica, o fator de risco “Cuidado pré-natal ausente/inadequado” (p=0,001; OR=4,44); as populações em risco “Extremos de idade materna” (p=0,002; OR=3,49), “Gestante desfavorecida economicamente” (p=0,020; OR=2,55) e “Raça/cor parda” (p=0,046; OR=5,44); e as condições associadas “Condições maternas” (p=0,020; OR=2,97) e “Transferência de oxigênio ao feto comprometida” (p<0,001; OR=75,4) mostraram-se capazes de aumentar a chance para a ocorrência do desfecho. Conclui-se que a validade clínica do diagnóstico em estudo foi estimada na população de gestantes de alto risco, o que contribuirá para o aperfeiçoamento da Taxonomia da NANDA-I e implementação das ações educativas.