Avaliação in vitro e in vivo de resíduos de Tebuconazol e Piraclostrobina em agricultores
Agrotóxicos, absorção cutânea, agricultor familiar, pele humana, IVPT.
A agricultura está entre as atividades mais essenciais de todo o mundo. Dentro desse cenário tem-se a agricultura familiar, sendo responsável pela maior parte da produção de alimentos mundial, combatendo a fome e fornecendo alimentos de alta qualidade. Nas últimas décadas, o uso de agrotóxicos aumentou exponencialmente, desempenhando um papel importante no crescimento das culturas agrícolas, promovendo um alto rendimento e protegendo as plantas contra pragas. Dentre as classes de agrotóxicos encontram-se os fungicidas, utilizados com o objetivo de controlar o crescimento fúngico nas lavouras. Como exemplos desta classe, o Tebuconazol (TBZ) e a Piraclostrobina (PIRA) são largamente utilizados. Os trabalhadores rurais são classificados como um dos principais grupos de risco de exposição a agrotóxicos, visto que estão em contato com esse tipo de produto em diferentes momentos, desde o seu transporte, mistura, carregamento e aplicação. Diante do exposto, este trabalho avaliou a permeação in vitro dos agrotóxicos TBZ e PIRA em produto concentrado e em suas diluições de uso, sendo 200 g/L, 0,2 e 0,4 mg/mL para o TBZ e 250 g/L, 0,3 e 0,5 mg/mL para a PIRA, através de pele humana, mucosa vaginal suína e mucosa oftálmica bovina, utilizando células de difusão verticais e horizontais. Foi realizada também avaliação da permeação e biodistribuição destes produtos em olhos bovinos inteiros. Além disso, foi avaliada a exposição dérmica in vivo, a ambos os agrotóxicos em trabalhadores agrícolas, no município de Belém do São Francisco, após 4 horas de aplicação em plantação de cebola. A quantificação de todas as amostras geradas foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas (LC-MS/MS). Nos ensaios in vitro, o percentual de absorção calculado de TBZ após aplicação dos produtos diluídos (0,4mg/mL e 0,2mg/mL, respectivamente) em pele humana foi de 98,58± 4,47% e 95,44± 4,17 e de 28,67 ± 4,16 e 32,13 ±2,38 após aplicação dos produtos diluídos de PIRA (0,5mg/mL e 0,3mg/mL, respectivamente). A avaliação da permeação em olhos inteiros evidenciou uma grande biodistribuição de ambos os agrotóxicos nas mais diversas partes entre elas íris, coroide, retina, humor vítreo e aquoso. Os resultados in vivo demonstraram os altos níveis de agrotóxicos aos quais os agricultores estão expostos, com a exposição dérmica potencial total entre 0,87-2,85 mg/pessoa/h e o fator estimado de penetração de EC(PF) entre 0-54,0 e 0- 28,9% para a nuca e os braços, respectivamente.