O PAPEL DO AMBIENTE NA DIVERSIFICAÇÃO GENÔMICA DE ESPÉCIES DO GÊNERO Erythrostemon (Klotzsch) Gagnon & G.P. Lewis (Leguminosae)
Caesalpinia, variáveis ecológicas, elementos transponíveis, ecologia do genoma.
A complexa interação genoma-ambiente é um tópico intrigante da biologia evolutiva. Para discutir isso utilizamos duas abordagens: (capítulo 1) uma revisão teórica e metodológica de ecologia do genoma; (capítulo 2) estabelecimento do gênero Erythrostemon (Leguminosae) como um modelo para discutir a interação genoma ambiente. Para o capítulo 1 são apresentadas as principais métricas ecológicas aplicáveis em análises genômicas comparativas dos elementos repetitivos. Para o capítulo 2 realizamos um estudo de caso, com uma análise repeatomica comparativa de 18 espécies de Erythrostemon. Detectamos uma heterogeneidade na composição dos repeatomas, com alta abundância do elemento transponível (TE) LTR Ty3/gypsy Tekay e de DNAs satélite, nas espécies da América do Sul e Mesoamérica (subclado MA-stricto sensu), respectivamente. Nossos dados revelam que a abundância de LTRs apresentou correlação inversa com a abundância de DNAsat, assim como demonstrado em outros grupos de plantas. Historicamente, o subclado MA-stricto sensu apresentou uma forte diferenciação genômica (expansão dos DNAsat e retração dos Tekay) associada à colonização da América Central há 20 milhões. Ecologicamente, detectamos que os elementos Tekay apresentam uma alta correlação com a variável ecológica de temperatura mínima do mês mais frio. Isso sugere que a interação genoma-ambiente pode ter atuado ativamente na diferenciação desses genomas desde a origem do gênero. Considerando o protagonismo dos elementos Tekay nos genomas de Erythrostemon, hipotetizamos que ele pode ser o principal responsável pelas correlações genoma-ambiente previamente descritas no grupo Caesalpinia.