AVALIAÇÃO DO EFEITO DE MUTAÇÕES EM MOTIVOS DE RECONHECIMENTO AO RNA DA PROTEÍNA DE LIGAÇÃO À POLI-A 1 (PABP1) NA INTERAÇÃO COM PARCEIROS EM Leishmania infantum
Leishmania; PABP1; Iniciação da tradução
Tripanosomatídeos são protozoários flagelados que englobam agentes patogênicos dos gêneros Leishmania e Trypanosoma. Esses organismos exercem um controle da expressão gênica através de eventos predominantemente pós-transcricionais, muitos envolvendo o controle da estabilidade e tradução de RNAs mensageiros (mRNAs). Dentre as diferentes proteínas de ligação ao RNA (RBPs) participantes nesses eventos, a mais relevante deve ser a proteína de ligação à cauda poli-A (PABP). Três de seus homólogos foram identificados em Leishmania, todos estruturados em uma região N-terminal com quatro motivos de reconhecimento ao RNA (RRMs 1 a 4), uma região linker intermediária e um domínio MLLE presente na sua região C-terminal. O primeiro dos homólogos, a PABP1 se mostrou indispensável e fortemente ativa durante a tradução, além de uma associação com mRNAs diferentes dos associados às PABPs 2 e 3. Também foi observada uma forte afinidade da PABP1 para o complexo eIF4F baseado nas subunidades EIF4E4 e EIF4G3, com uma interação inédita identificada entre a PABP1 e o EIF4E4. Isoformas fosforiladas da PABP1 a indica como potencial alvo de processos regulatórios. Portanto, o presente estudo objetiva melhor compreender a atividade da PABP1, avaliando o papel de diferentes regiões desta proteína, incluindo sítios de possíveis interações proteína-proteína, na sua interação com outras proteínas parceiras, como a proteína de ligação a RNA denominada de RBP23. Ele dá continuidade a estudos prévios onde foram gerados mutantes em motivos julgados relevantes nos RRMs 1 e 2, na região linker e no domínio MLLE. Neste trabalho, diferentes construções mutantes nos RRMs 3 e 4 foram geradas por mutagênese sítio-dirigida e avaliadas quanto ao seu potencial de complementação após a deleção das duas cópias dos genes da PABP1 no genoma de Leishmania infantum. Como resultados preliminares, o mutante PABP1MLN, no RRM4,levou a uma diminuição no crescimento celular, e a proteína mutada se mostrou incapaz de complementar a ausência do gene PABP1 endógeno. Para todo o conjunto de mutantes disponíveis, estes foram avaliados em ensaios de imunoprecipitação in vivo, e as amostras obtidas analisadas por espectrometria de massas, visando avaliar cada uma das regiões da proteína frente à interações novas e já estabelecidas. Esse trabalho contribuirá no entendimento acerca da especificidade da PABP1 aos seus mRNAs alvos, bem como a participação de diferentes motivos nas interações estabelecidas por esta na durante a iniciação da tradução de tripanosomatídeos.