ARRANJO URBANO-REGIONAL DISPERSO DO POLO DE CONFECÇÕES DO AGRESTE DE PERNAMBUCO
Aglomeração produtiva. Atividade de confecção. Cidade dispersa. Dispersão urbana. Processos de regionalização.
A problemática desta tese surgiu ao observar a dinâmica econômica provocada pela confecção de roupas no Agreste pernambucano nos últimos 40 anos, a mudança socioespacial da região é perceptível. A região tem passado por transformações que vão além do crescimento populacional e da expansão urbana. Onde uma atividade produtiva, que começou de maneira incipiente em Santa Cruz do Capibaribe – PE na década de 1970, difundida para Toritama – PE e Caruaru – PE nos anos 1980, alcançou um conjunto de pequenos municípios dispersos no interior de Pernambuco e alguns municípios paraibanos nos últimos anos, dando contorno a um novo processo de regionalização. Para entender esse processo, buscou-se analisar a influência dessa atividade produtiva na reconfiguração urbano-regional dos municípios que fazem parte do Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco, com apoio em discussões contemporâneas que trazem luz às novas estruturas espaciais, ou ainda aparados na definição de processos de dispersão urbana, cidade difusa, urbanização extensiva e arranjo urbano-regional. Assim, esse trabalho teve como objetivos (i) identificar a evolução da mancha urbana e da ocupação do solo dos municípios que compõem a região a partir do período de consolidação da atividade de confecção; (ii) verificar e revelar as relações interescalares existentes entre as três cidades principais do Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco e os municípios influenciados pela atividade produtiva; (iii) identificar os agentes sociais que atuam na produção do espaço nesse arranjo espacial, e como se dá sua articulação em rede; (iv) apresentar como a atividade de confecção conseguiu se consolidar em uma região marcada pela pluriatividade e pela disponibilidade de mão de obra, com estrutura agrária de pequena e média propriedade e estrutura urbana formada por muitas pequenas cidades. Para tanto, foi realizada a quantificação das mudanças na cobertura do solo em um intervalo de 40 anos, baseada em classificações do GHSL e do MapBiomas; foram realizadas análises quantitativas de dados socioeconômicos oriundos das RAIS e o IBGE; além de atividades em campo e aplicação de entrevistas com agentes sociais. Essa abordagem conceitual, associada aos resultados obtidos em cada análise, permitiram mostrar a evolução da ocupação das cidades ao longo dos anos, a relação da população com a atividade de confecção, as interações espaciais entre as cidades com apoio dos agentes sociais e, por fim, a proposta de regionalização composta pelo conjunto de cidades dispersas que tem a atividade de confecção como ponto em comum, identificada como arranjo urbano-regional disperso do Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco.