Regime de representação insurgente e as estratégias territoriais do resistir do povo Pankará da Serra do Arapuá no sertão de Pernambuco
Pankará. Território. Identidade. Representação. Indígena. Serra do Arapuá.
Este trabalho tem como objetivo analisar como é estabelecida a relação entre o regime de representação insurgente e as estratégias territoriais do resistir do povo Pankará da Serra do Arapuá no sertão pernambucano. Tem como base o conceito geográfico de território que, segundo Haesbaert (1997) em conexão com a compreensão construída pelo indígena Pankará da Serra do Arapuá, é compreendido como um espaço delimitado onde se exerce um poder na dimensão objetiva e como apropriação simbólica e subjetiva feita através do imaginário e/ou da identidade social sobre o espaço. Priorizando suas abordagens jurídica-política e cultural trago, nesta dissertação, algumas reflexões e experiências sobre esse confronto que se estabelece concomitantemente pelas vias materiais (destruição de casas e aldeias, banimento e o aparato legal do estado) e subjetivas (negação da identidade e regime de representação marcado por estereótipos racistas) cujo objetivo é a desterritorialização do povo Pankará da Serra do Arapuá e esbulho de suas terras mesmo que hoje sejam reconhecidas pelo governo brasileiro. Busquei também apoio nos conceitos de identidade e representação para auxiliar nas análises desse processo de esbulho de terras que ocorre também pelo questionamento da identidade indígena apoiada num ideal de “índio puro” que nega identidades e representações dos indígenas contemporâneos, cuja complexidade não se encaixa numa simples binaridade positivista. Como disse dona Família Pankará: quem disse que não sou índia? só porque sou preta e tenho o cabelo “ruim”?