PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E ECONÔMICO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA TESTADA POSITIVAMENTE DURANTE O
PRIMEIRO ANO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL
COVID-19, Fatores Socioeconômicos, Brasil, Epidemiologia
O surto de COVID-19 foi relatado pela primeira vez na cidade de Wuhan na China no final de 2019. A partir de então, no início de 2020 a Organização Mundial de Saúde declarou oficialmente estado de Pandemia Global. A transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 tem impactado negativamente aspectos de saúde da população, mas também demográficos, sociais e econômicos, gerando recessão, desemprego e queda na renda média da população afetada. Nesse sentido, a partir da pandemia, um crescente número de estudos descreveu com detalhes o impacto sociodemográfico e econômico da pandemia. No entanto, dados nacionais ainda não deixam claro qual o perfil socioeconômico e demográfico dos indivíduos acometidos pela doença. Nesse contexto, pesquisas de base populacional foram realizadas a exemplo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio COVID-19 (PNAD COVID-19). Através dela, o perfil sociodemográfico e econômico pôde ser investigado. Assim, levando em consideração a falta de dados nacionais e a realização da PNAD-COVID-19 em 2020, o presente estudo teve como objetivo identificar o perfil sociodemográfico e econômico de pessoas acometidas por COVID-19 no primeiro ano de pandemia no Brasil. Para tanto, foi realizado um estudo descritivo correlacional com o uso de microdados a partir da PNAD-COVID-19 realizada entre junho e novembro de 2020. Idade, sexo, cor/raça, escolaridade, região de residência, comorbidades, resultado do teste e isolamento foram utilizados para análise. Frequência absoluta e relativa foram adotadas para análise descritiva e regressão logística foi utilizada para verificar a associação entre as variáveis sociodemográficas e econômicas e o resultado do teste. A amostra do estudo foi composta por 1.919.883 pessoas. Observou-se que a maioria das pessoas tinha idade menor que 60 anos, era do sexo feminino, de raça negra, com ensino fundamental ou médio e residiam na região nordeste. A maioria não possuía comorbidades nem teste positivo para COVID-19 e realizaram isolamento social bem como estavam acima da linha da pobreza. Entre as pessoas com teste positivo, a maioria tinha mais de 60 anos, eram mulheres, negras, com o mesmo nível de escolaridade e residentes na região Nordeste. Além disso, não apresentaram comorbidades, não realizaram isolamento social e estavam acima da linha da probreza. As análises de regressão logística indicaram que ser idoso, negro e não realizar isolamento social aumentou em 1,24, 1,10 e 1,68 vezes a chance de testar positivo para COVID-19, respectivamente. Assim, conclui-se que idade, sexo e isolamento social são preditores de resultado positivo para teste de COVID-19 em brasileiros