PREVALÊNCIA DO ANTICORPO CONTRA O VÍRUS DA HEPATITE C EM ADULTOS ATENDIDOS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE ARCOVERDE, PERNAMBUCO.
anti-HCV; Hepatite C; Unidades básicas de saúdes; seringas de vidro
A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) continua sendo um problema de saúde pública, devido a sua prevalência e possibilidade de evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular. Mesmo com a queda da sua incidência nos últimos anos, em virtude dos cuidados e dos novos antivirais (DAA), a identificação dos infectados persiste sendo um desafio para a eliminação do HCV até 2030. Este estudo objetivou estimar a prevalência do anti-HCV e descrever os fatores sócio-demográficos e comportamentais de risco associados à infecção, em indivíduos nas salas de espera de Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Arcoverde, Pernambuco. Trata-se de estudo do tipo transversal, descritivo, envolvendo indivíduos de ambos os sexos, acima de 18 anos, entre julho de 2022 e março de 2023. O município acomoda 77.586 indivíduos, dos quais 90% reside na zona urbana e dispõe de 25 UBS, sendo 23 na região urbana, das quais foram escolhidas 10 de forma que abrangesse todas as áreas da cidade. O tamanho amostral calculado foi 785 unidades amostrais. Após consentimento formal, os participantes realizaram teste rápido para pesquisa do anti-HCV (ABON-HCV) e responderam questionário com dados sócio-demográficos e comportamentos de risco. Os casos positivos foram orientados a procurar Serviço médico especializado da Prefeitura. Foram avaliados 800 indivíduos (79,5% do sexo feminino), com média de idade de 46,81 anos (± 15,78 anos). Cinco testes resultaram positivos (0,62%), sendo 4 mulheres e 1 homem, que apresentaram média de idade mais elevada (69,4 ± 6,7 anos) do que a dos casos negativos (46,7 ± 15,7 anos); (p = 0,001). Todos os 5 casos positivos apresentavam mais de 60 anos e referiam comportamentos de risco (uso de seringas de vidro, cirurgias ou transfusão de sangue) no passado. Nenhum dos casos com anti-HCV referiu o uso de drogas ilícitas, tatuagens ou piercings. Quatro dentre os 5 indivíduos positivos referiram tratamento prévio contra o HCV e apresentavam HCV-RNA negativos (RVS), consultando-se as informações no Serviço médico da Prefeitura. Em conclusão, esse estudo revelou baixa prevalência do anti-HCV, embora esteja próxima daquela que vem sendo estimada em algumas estimativas recentes, sendo o anticorpo mais frequente naqueles com idade mais avançada e que referiram comportamentos de risco no passado. Estes achados poderão contribuir na elaboração de políticas de rastreamento e diagnóstico da infecção pelo HCV, para a eliminação deste agente viral no Brasil até 2030. Propõe-se que nos municípios com menor densidade populacional, maior atenção seja dirigida aos indivíduos idosos (baby boomers), já que o uso de drogas ilícitas, tatuagens e piercings são pouco descritos nessas localidades.