SOROPREVALÊNCIA DO VÍRUS DA HEPATITE E EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO EM RECIFE - PE
Vírus da hepatite E. Hepatite E. Soroprevalência. Cirrose hepática.
A soroprevalência do vírus da hepatite E (HEV) em pacientes com doença hepática crônica (DHC) é pouco conhecida no Brasil. Estudos sugerem que o HEV pode influenciar negativamente o curso da DHC, com maior risco de evolução para cirrose. Dessa forma, o objetivo do estudo foi estimar a prevalência do anticorpo anti-HEV (IgG) em pacientes com DHC e descrever os dados demográficos e fatores de risco, além de parâmetros clínico-laboratoriais e ultrassonográficos. Para isso, foi desenvolvido um estudo transversal que incluiu 227 pacientes com DHC atendidos no ambulatório de Hepatologia do Hospital das clínicas da UFPE, de junho de 2022 a março de 2023. Os pacientes realizaram pesquisa da atividade das enzimas hepáticas, plaquetas, INR e albumina, além do anti-HEV IgG e, nos casos positivos, pesquisa do HEV-RNA. Também foi realizada ultrassonografia do abdome superior. Para a análise da comparação entre as variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-quadrado ou o teste Exato de Fisher. A comparação entre as médias das variáveis com distribuição normal foi realizada através do teste t não pareado, e a comparação entre as medianas das variáveis não paramétricas, através do teste de Mann-Whitney. Para avaliar a associação entre exposição e desfecho foi utilizada a razão de prevalência e o intervalo de confiança de 95%. Foram considerados estatisticamente significantes os resultados com valor de p < 0,05. Foram incluídos 227 pacientes (50 com hepatite B, 49 com doença hepática gordurosa não alcoólica, 33 com hepatite C, 17 com doença hepática relacionada ao álcool, 16 com esquistossomose e 62 com doença mista), 55,5% eram do sexo feminino, com média de idade de 57 ± 13 anos; 37,9% apresentavam cirrose hepática. Sete pacientes (3,08%) apresentaram anti-HEV positivo e em todos o HEV-RNA foi negativo. A frequência do anti-HEV IgG foi maior em pacientes com contato com porcos, com ginecomastia, menor contagem de plaquetas, maiores valores de APRI e FIB-4, e esplenomegalia pelo ultrassom. Embora a prevalência do anti-HEV em pacientes com DHC tenha sido baixa neste estudo, observou-se o anticorpo mais frequentemente nos casos com história de contato com porcos e indícios clínico-laboratoriais ou de imagem de doença hepática mais avançada.