EU ACEITO O LACRE EM MINHA VIDA? ARTICULAÇÕES ENTRE IDENTIDADE DE GÊNERO E GÊNERO MUSICAL A PARTIR DA GERAÇÃO LACRE.
Esta dissertação trata das relações entre identidade de gênero e gênero musical, a partir da trajetória das artistas Linn da Quebrada, Liniker e Raquel Virgínia e Assucena Assucena, associadas em textos jornalísticos e campanhas publicitárias à geração lacre, entendida na dissertação como uma categoria musical que aciona gêneros musicais distintos e coloca em cena os problemas de gênero em corporalidades desviantes. Com trabalhos bastante distintos entre si, as artistas possuem em comum as disputas sobre os problemas de gênero (BUTLER, 2003) e performances associadas à emergência (WILLIAMS, 1979) do lacre no agenciamento de sensibilidades e identificações em disputas por transformações. A partir de uma abordagem dos estudos culturais, a música é acionada em seus aspectos culturais e comunicacionais, considerando as relações de poder. Com base na compreensão do gênero (genre e gender) como categoria cultural, instável, imbricada às lutas travadas no tecido social, agenciadas por formações discursivas e regimes de verdade (FOUCAULT, 2014), entendo que os gêneros musicais, com suas construções de valor específicas, podem desvelar, em diferentes entradas, o processamento de performatividades, a partir de acionamentos agenciados nas performances musicais. Discuto como ocorre tal processo partindo da performance (TAYLOR, 2013) como operador analítico, a partir das relações estabelecidas pelas artistas com diferentes gêneros musicais em audiovisuais em rede (GUTMANN, 2021), evidenciando aproximações e distanciamentos com convenções dominantes tanto dos gêneros musicais, como das identidades de gênero