AVALIAÇÃO DO BALANÇO OXIDATIVO E EXPRESSÃO GÊNICA EM RATOS SUPERNUTRIDOS NA LACTAÇÃO: REPERCUSSÕES DA MANIPULAÇÃO SEROTONINÉRGICA EM TECIDOS CENTRAIS E PERIFÉRICOS
Supernutrição. Serotonina. Tronco encefálico. Coração. Estresse oxidativo. Mitocôndria.
Dados epidemiológicos mostram a relação entre a supernutrição induzida no período neonatal e a prevalência da obesidade na vida adulta podendo promover o desenvolvimento de doenças crônicas a longo prazo. Dados experimentais sugerem que essa associação está ligada a disfunção mitocondrial com aumento de oxidação de biomoléculas funcionais, causando o estresse oxidativo, quadro que contribui para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas e cardiovasculares. Em contrapartida dados experimentais e clínicos mostram que a manipulação serotoninérgica modula positivamente diversos centros neurais, entre eles centro do controle alimentar. Entretanto até o presente momento, pouco se sabe dos efeitos da modulação serotoninérgica em relação a supernutrição infantil e os possíveis efeitos em relação ao balanço oxidativo. Neste sentido, é de grande relevância compreender os efeitos dos insultos nutricionais, supernutrição no início da vida pós-natal, e os efeitos da modulação serotoninérgica durante a fase adulto juvenil, em relação ao balanço oxidativo em áreas do sistema nervoso central e periferico. Dessa forma, o presente trabalho objetivou investigar os efeitos da manipulação serotoninérgica com o tratamento farmacológico (Fluoxetina) em ratos adultos jovens, submetidos ou não a supernutrição pós-natal. Analisamos os parâmetros do balanço oxidativo e a expressão gênica de fatores de transcrição e marcadores de biogênese mitocondrial no tronco encefálico e tecido cardíaco. Para a realização do nosso estudo usamos ratos wistar machos onde foram divididos ao 3º dia de vida em dois grupos: Normonutrido (n=9) e Supernutrido (n=3). Aos 21 dias de vida foram desmamados, e passaram a ingerir dieta comercial de biotério, aos 39 dias de vida os grupos foram subdivididos, e iniciamos o tratamento farmacológico, onde o grupo controle recebeu injeção subcutânea de salina (NaCl, 0,9%) ou Fluoxetina (10 mg/kg). Aos 60 dias de vida todos os animais tiveram seus tecidos coletados, nos quais foram realizadas as seguintes analises: biomarcadores de estresse oxidativo (concentração de malondealdeido, conteúdo de carbonilas), atividade das enzimas antioxidantes (Superóxido dismutase, Catalase e Glutationa-S-Transferase), quantificação dos níveis de tióis totais, expressão do RNA mensageiro de fatores de transcrição e marcadores de biogênese mitocondrial. Nossos principais resultados mostraram que a manipulação serotoninérgica aos 60 dias induziu redução de peso nos animais superalimentados tratados com Flx (NFX: p= 0.0256; SFX: p= 0.0274). As respostas frente aos biomarcadores de estresse oxidativo e defesa antioxidante, mostram que o insulto nutricional e a modulação da serotonina trouxeram efeitos positivos no tronco encefálico e tecido cardíaco. Foi observado redução da peroxidação lipídica no Super Flx (SFX: p=0.0006) no tronco encefálico. E no coração (MDA = SFx: p<0.0001). Assim como redução na oxidação proteica no tronco encefálico (SFX: p=0.0022) e tecido cardíaco (SFx: p= 0.002). Em relação a atividade antioxidante, seus componentes encontram-se aumentados. Na SOD 200% no SFx em comparação ao NFx, CAT aumento de 164% no SFx e GST em 121% no mesmo grupo. Já os níveis tiois total, aumentou em 45% nos superalimentados. Mostrando também um aumento na atividade da citrato sintase (SFx: p=0.026) no tecido cardiáco. Em adição, avaliamos alguns genes relacionados à biogênese mitocondrial nos animais SFX (PGC1 p=0.031; TFAM: p= 0.0003; FIS1= p<0.0001) nos mostrando uma tendência de redução nos animais SFX no tecido cardíaco, no tronco encefálico observamos efeito semelhante (PGC1 p=0.0031; TFAM: p= 0.0457). O marcador de fusão OPA1 (p=0.0147) e de fissão FIS (p=0.0333) apresentou um grande aumento na expressão gênica. Subunidades especificas na cadeia transportadora de eletrons II e V (SDHB: p<0.0001; ATP5A: p=0.0007) apresentou também um aumento acentuado. Dessa forma, a serotonina aumentada na fenda sináptica por 21 dias em idade juvenil leva-nos a crer que o efeito da modulação serotoninérgica é benéfica tanto para tecidos centrais como periféricos, podendo assim reduzir os riscos para o aparecimento e desenvolvimento de doenças crônicas-metabólicas.