ENTRE A CASA E O MAR A VIDA PULSA: AS DIMENSÕES SIMBÓLICAS DO COTIDIANO NA PRAIA DO BURACO DA VÉIA E NOS ESPAÇOS PÚBLICOS PRAIANOS DE BRASÍLIA TEIMOSA.
Praia do Buraco da V ia; Bras lia Teimosa; Praia Urbana; Pr ticas Cotidianas;
Ambi ncias; Etnografia.
Este trabalho desenvolve um estudo interdisciplinar entre o campo da Arquitetura e Urbanismo e a Antropologia Urbana, para a compreensão do espaço vivido a partir da observação das práticas cotidianas nos espaços públicos praianos da comunidade de Brasília Teimosa - Recife, especialmente a praia do Buraco da Véia e seu entorno, lugares marcados por uma história de luta e que concentram e cruzam diversas vivências e práticas que constroem marcas simbólicas no presente. Desse modo, esta pesquisa constrói uma percepção dos sentidos desses espaços instaurados pelas práticas cotidianas e pelos significados atribuídos ao lugar pelas pessoas que os vivenciam. As reflexões teóricas que a fundamentam são: a prática espacial e à dimensão do espaço vivido, de Lefebvre (2006); a noção de cotidianidade e o retorno à dimensão local na prática de pesquisa, de Santos (2017); a contribuição de Certeau (1998) em relação as práticas cotidianas enquanto conteúdo de desvio da lógica dominante e de potência para o estudo do urbano; e à perspectiva dos sistemas simbólicos associados à essas práticas, através de Bourdieu (1978/1989). Os direcionamentos metodológicos se baseiam na Etnografia como caminho para aproximação e aprofundamento no campo de estudo, a partir de Velho (1878), Veiga e Simões (2016) e Magnani (2002); e na noção de Ambiência que soma com a percepção dos aspectos físicos e sensíveis dos lugares, através de Duarte (2013) e Thibaud (2010). Dessa forma, esta dissertação além de realizar um levantamento bibliográfico sobre a história da ocupação de Brasília Teimosa e os sentidos sociais da praia, se desenvolve empiricamente em três etapas, nas quais foram realizadas: caminhadas no lócus de pesquisa; observação de campo; apreensão de ambiências; e realização de entrevistas semiestruturadas com pessoas usuárias desses espaços, entre moradores, visitantes e trabalhadores; tendo como instrumento de pesquisa os registros etnográficos no diário de campo e a fotografia como instrumento de aproximação e percepção do lugar. A etapa das entrevistas semiestruturadas foi realizada com praticantes dos espaços públicos, sendo posteriormente feita a análise e seleção do conteúdo das narrativas, através de categorias afetivas associadas aos perfis de usuário e às práticas realizadas, tendo como resultado o aprofundamento nas perspectivas simbólicas relacionadas: ao lazer; ao trabalho; ao sentido popular da praia; e à relação de sociabilidade e vizinhança; concluindo que essas são categorias essenciais para a compreensão dos sistemas simbólicos da relação das pessoas com esses espaços públicos praianos, que constroem cotidianamente, a partir de suas práticas, modos de apropriação e atribuição de significados, a identidade social do lugar.