ANÁLISE DO SISTEMA CARBONATO EM ESTUÁRIOS DO ESTADO DE ALAGOAS, BRASIL (RIOS MANGUABA, TATUAMUNHA, CAMARAGIBE E SANTO ANTÔNIO GRANDE)
alcalinidade total, parâmetros do carbono, poluição costeira, APA Costa dos Corais
As zonas costeiras ao redor do mundo vêm enfrentando enormes impactos antrópicos, como a eutrofização e acidificação marinha, que estão mudando os mecanismos de seus habitas, alterando seu equilíbrio e funcionamento adequado. A criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA) é uma importante ferramenta para mitigar esses impactos e fomentar atividades sustentáveis que mantenham a biodiversidade de importantes ecossistemas, como os recifes de corais e estuários, porém apenas a sua implementação pode não os reduzir. Nosso objetivo foi descrever a variação sazonal do equilíbrio do sistema carbonático e do estado trófico em estuários e área recifal na porção alagoana da APA Costa dos Corais, no Nordeste do Brasil. Parâmetros físicos e químicos foram medidos in situ (temperatura e salinidade) e amostras de água foram coletadas para análises posteriores durante as marés baixas nas estações chuvosa e seca. Analisamos nutrientes inorgânicos dissolvidos, oxigênio dissolvido, clorofila-a, pH e alcalinidade total para o cálculo do índice trófico (TRIX) e estimativa do estado de saturação de aragonita (Ωar). Esses dois parâmetros foram utilizados como indicadores dos processos de eutrofização e acidificação para a região estudada. A análise dos dados demonstrou que as estações estuarinas apresentaram TRIX alto, representando condições de eutrofização e péssima qualidade de água, principalmente na estação chuvosa e a jusante dos rios. Enquanto 50% das estações recifais durante a estação chuvosa apresentaram subsaturação de aragonita (Ωar<1), e durante o período de estiagem todos os valores se apresentaram como supersaturados. Com isso, também foi possível observar que a influência da água do mar dilui as elevadas concentrações de nutrientes e aumenta a Ωar. Nossos resultados mostraram que impactos locais sobre esses ecossistemas já estão ocorrendo, podendo reduzir suas resiliências a cenários futuros, além de diminuir significativamente a biodiversidade. Recomenda-se que maiores esforços de pesquisa e monitoramento sejam feitos para melhor compreender e supervisionar esses processos na região, juntamente com uma melhor gestão de águas residuais.