DETERMINAÇÃO DA POSITIVIDADE DO FATOR ANTINÚCLEO EM PACIENTES COM FEBRE CHIKUNGUNYA AGUDA E SUBAGUDA E SUA ASSOCIAÇÃO COM MANIFESTAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
febre chikungunya; anticorpo antinuclear; artralgia
Introdução: A Febre Chikungunya (FC) é uma doença infecciosa introduzida recentemente no Brasil que cursa com marcante quadro articular, responsável por incapacidade laboral. Os vírus são os agentes ambientais mais importantes para o desenvolvimento de autoimunidade. Ainda é desconhecida a prevalência e influência que poderia ter os autoanticorpos antinucleares (FAN) na evolução dos pacientes com FC. Objetivos: Avaliar o perfil de FAN em pacientes com FC, nas fases aguda e subaguda. Metodologia: Foram incluídos 73 pacientes provenientes do Projeto Replick – Estudo Multicêntrico da História Natural e Resposta Terapêutica de Chikungunya com foco nas Manifestações Musculoesqueléticas Agudas e Crônicas. A pesquisa do FAN foi realizada através da imunofluorescência indireta (IFI) em células HEp-2 e os resultados foram associados a variáveis clínicas, índices de atividade articular e qualidade de vida. Resultados: Identificamos 68,5% do sexo feminino e média de idade de 47±15 anos. As comorbidades mais prevalentes foram IMC ³ 25 (71,4%) e hipertensão arterial sistêmica (32,9%). Observamos 67,1% com rigidez matinal, 41,1% com moderado a grave impacto na capacidade funcional pelo Health Assessment Questionnaire (HAQ) e 47,9% com Clinical Disease Activity Index (CDAI) alto. Identificamos em 39,7% o FAN positivo; o padrão pela IFI mais prevalente foi o nuclear pontilhado grosso (31,1%). Não foi observada relação entre rigidez matinal, índices de atividade articular e a positividade do FAN. Dos pacientes com rigidez matinal, um menor número (18,8%) apresentava o padrão nuclear pontilhado fino quando comparado com o nuclear homogêneo (37,4%) (p=0,03). Não houve relação estatisticamente significativa entre CDAI, HAQ e os padrões do FAN. Pacientes com padrão nuclear pontilhado fino possuíam escore médio menor de dor neuropática, pelo questionário DN4 (3,0±2,4), quando comparado a pacientes com padrão nuclear homogêneo (6,5±2,5) (p= 0,03). Conclusão: Encontramos um percentual significativo de pacientes com FAN positivo e o padrão pela IFI mais frequente foi o nuclear pontilhado grosso. Não pudemos estabelecer relação estatisticamente significativa entre rigidez matinal, índices de atividade da doença e a positividade do FAN na FC aguda/subaguda. O padrão nuclear pontilhado fino esteve menos associado a rigidez matinal e dor neuropática quando comparado com o padrão nuclear homogêneo.