Avaliação da Toxicidade Aguda, Atividade Gastroprotetora e Antifúngica de Extrato Seco de Folhas de Croton blanchetianus Baill e Estudo de Pré-formulação de Grânulo Efervescente
Croton blanchetianus. Extrato seco. Formulação efervescente. Atividades farmacológicas.
Os compostos bioativos, presentes em espécies vegetais, são utilizados na indústria
de cosméticos, alimentícia, bem como na indústria farmacêutica, fazendo parte de diversos
medicamentos. Croton blanchetianus é uma espécie encontrada na caatinga com o clima seco
e quente predominante do semiárido, conhecida popularmente como marmeleiro. Visando
obter mais conhecimentos sobre a espécie, o trabalho tem como objetivo avaliar o perfil
fitoquímico, propriedades físico-químicas, toxicidade e atividade gastroprotetora e
antimicrobiana de pré-formulação efervescente contendo extrato das folhas de C.
blanchetianus. O material vegetal (folhas) foi obtido em Pernambuco, foram secas em estufa
(40 °C) e em seguida trituradas em moinho de facas. As análises físico-químicas (umidade,
cinzas totais e granulometria) foram realizadas de acordo com a Farmacopeia Brasileira.
Posteriormente, o método por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) foi validado
para a matéria-prima vegetal. O estudo de sazonalidade também foi realizado, avaliando as
propriedades fitoquimicas e físico-químicas. Os extratos foram obtidos por turbólise
utilizando planejamento de misturas, utilizando etanol, água e acetona, e, suas misturas
binárias e terciária. Os extratos foram avaliados por cromatografia camada delgada (CCD) e
CLAE, bem como o teor de polifenóis (TPT) e flavonoides (TFT) totais e o resíduo seco (RS).
Após a escolha do solvente, o processo de secagem por spray dryer foi estudado, em primeiro
momento quanto aos adjuvantes (dióxido de sílico coloidal/maltodextrina/mistura 1:1, em
relação ao RS). Em seguida, os parâmetros de secagem foram avaliados a partir de um fatorial
2 2 com ponto central, considerando o fluxo de alimentação (L/h) e temperatura de entrada
(°C) como fatores, com vazão de ar de 30 L/min. As respostas analisadas foram perfil por
CCD e CLAE, TPT, TFT, bem como as propriedades tecnológicas (densidade aparente e
compactada, ângulo de repouso e umidade). Diante da escolha do melhor ESA, foi realizado o
ensaio de toxicidade aguda, utilizando a metodologia da OECD (2001). As pré-formulações
foram obtidas em 4 formulações efervescente, utilizando o extrato seco otimizado de C.
blanchetianus, lactose, bicarbonato de sódio, ácido cítrico, ácido tartárico e PVP em
diferentes proporções. Após obtido o ESA e o G.E., o teste de atividade gastroprotetora foi
realizado, utilizando-se o álcool para indução das úlceras e três concentrações do ESA para
tratamento, realizou-se a medição das lesões, analise histopatológica dos estômagos e
estatística. Por fim, foi realizada a covalidação do método por CLAE para o ESA, EL e a
formulação efervescente escolhida. O material vegetal apresentou as análises físico-químicas
dentro dos valores recomendados pela Farmacopeia Brasileira. O método por CLAE foi
validado, apresentando-se linear, robusto, exato e preciso, estando dentro dos parâmetros da
resolução vigente. O perfil por CCD evidenciou a presença de flavonoides, derivados
cinâmicos, saponinas e taninos condensados. A amostra de junho do estudo de sazonalidade
foi a que apresentou melhores teores de flavonoides e polifenóis, bem como nas análises
físico-químicas. O melhor solvente extrativo foi a mistura água e acetona (1:1), com melhor
extração de flavonoides, e melhores respostas para o RS e o TPT, observados no
planejamento de misturas. Em relação ao processo de secagem, o adjuvante maltodextrina não
apresentou interferência na extração de flavonoides. A respeito das propriedades tecnológicas,
os extratos secos por aspersão (ESA) mostraram-se pobres em relação ao fluxo, e a utilização
de maltodextrina favoreceu alguns parâmetros. Na análise térmica, o ESA com maltodextrina
foi o que apresentou melhor estabilidade térmica. Na microscopia eletrônica, os extratos
apresentaram partículas irregulares, de tamanhos diferentes. Com a utilização de
planejamento fatorial foi possível obter um extrato seco com melhores características
reológicas, com vazão de 0,5L/h e temperatura de 150 °C, sem ocorrer prejuízo ao perfil
químico do extrato. A formulação efervescente escolhida para prosseguir com o ensaio
farmacológico apresentou melhora nas propriedades reológicas após a obtenção dos grânulos.
Por fim, a utilização de PVP nas formulações evidenciou a perda de alguns flavonoides, sendo
retirado da formulação final. No teste da gastroproteção, o ESA apresentou efeito na
concentração de 50 e 200 mg/kg. Além disso, o ESA e o G.E. apresentaram atividades
antimicrobianas para cepas de Candida spp. A covalidação do método para o ESA, EL e a
formulação efervescente foi considerada precisa e exata. Diante dos resultados, é possível
deferir que os extratos das folhas de C. blanchetianus se mostraram eficientes quanto a
extração de polifenóis, principalmente flavonoides; além de apresentar boas propriedades
reológicas, estabilidade térmica, dose segura, efeito gastroprotetor e antimicrobiano,
possibilitando a obtenção do granulado como insumo em futuras formulações farmacêuticas.