NANOFIBRAS POLIMÉRICAS ELETROFIADAS NANOESTRUTURADAS PARA APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS
Eletrofiação; Polímeros; Biopolímeros; Nanotecnologia; Nanopartículas.
As lesões cutâneas de difícil cicatrização configuram um ônus ao sistema de saúde.
Assim, enquanto as feridas crônicas continuarem sendo um problema global de saúde, o
desenvolvimento de tratamentos alternativos permanecerá extremamente necessário. A
eletrofiação é uma técnica versátil e econômica que é utilizada para síntese de nanofibras com
diâmetro na faixa de nanômetros a partir de substâncias contendo polímeros como o polivinil-
álcool (PVA) e como a celulose bacteriana (CB). A celulose bacteriana é um polímero
promissor para aplicação como curativo devido a suas propriedades físico-químicas. A
prevenção da infecção bacteriana externa no local da ferida é um pré-requisito para o design de
novos curativos, devendo ser adicionadas substâncias antimicrobianas como nanopartículas de
prata (AgNps) e peptídeos antimicrobianos como a Clavanina A (ClavA). Desta forma, o
presente estudo teve como objetivo preparar e caracterizar as nanofibras eletrofiadas compostas
por PVA-AgNps-Bp-ClavA e avaliar a sua ação antimicrobiana. Inicialmente, foram sintetizadas
nanofibras eletrofiadas compostas por PVA-AgNps-Bp-ClavA, posteriormente, foi realizada a
reticulação química. Realizou-se a análise morfológica das amostras através das técnicas de
microscopia eletrônica de varredura (MEV), além da composição elementar através de
Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS). A termoestabilidade foi analisada por meio da
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC). Os espectros das nanofibras foram registrados
usando a Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR). O estudo
eletroquímico foi realizado aplicando-se a voltametria de onda quadra (SWV). A atividade
antimicrobiana foi avaliada através do bioensaio in vitro. As micrografias compostas por PVA-
AgNps-Bp exibiram filamentos nanométricos homogêneos em sua estrutura formando uma
matriz tridimensional com diâmetros de 555nm a 648nm. O mapeamento elementar revelou a
dispersão homogênea das AgNps na superfície das nanofibras. O espectro das amostras de PVA
puro exibiu bandas de vibrações de estiramento O-H a 3332 cm-1 além de evidenciar os picos
característicos como o pico de vibração detectado em 1366 cm-1 nas amostras contendo o
biopolímero está relacionado à vibração de flexão das ligações C-H e C-O nos anéis aromáticos
de polissacarídeos. O termograma revelou um aumento da termoestabilidade de 130,92 °C para
207,03 °C após a adição das AgNps e da CB à fibra. Constatou-se também o aumento da
transferência de elétrons após a incorporação das AgNps e da Bp as nanofibras de PVA. Houve
excelente ação inibitória para bactérias gram-positivas com halo maior que 15mm, além de
apresentar atividade antifúngica contra C.albicans com halo de inibição medindo 18mm. Os
picos expressos no espectro de FTIR confirmaram a incorporação dos compostos no filme. As
micrografias mostraram a morfologia superficial e transversal das nanofibras, que exibiu uma
distribuição uniforme de AgNps o que melhora as propriedades antimicrobianas do filme. O
termograma evidenciou aumento na estabilidade térmica das nanofibras. Estes resultados
demonstraram o potencial das nanofibras possuem características potenciais para aplicações
biotecnológicas como a regeneração tecidual.