PRODUÇÃO, PURIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE PROTEASES FIBRINOLÍTICAS PRODUZIDAS POR Streptomyces parvulus DPUA 1573 e Aspergillus tamarii kita UCP 1279
Enzima fibrinolítica; Streptomyces parvulus; Aspergillus tamarii; Fermentação; Extração.
A trombose se destaca como a principal causa subjacente do infarto agudo do
miocárdio, do acidente vascular cerebral e do tromboembolismo venoso. É
caracterizada pela formação ou desenvolvimento de um coágulo sanguíneo
responsável por causar a obstrução e inflamação na parede do vaso. Proteases
com atividades fibrinolíticas atuam na dissolução desses coágulos sanguíneos a
partir da “quebra”, por hidrólise, da molécula de fibrina. Devido a esse potencial
das enzimas fibrinolíticas, essas se tornaram alvos de diversas pesquisas. As
enzimas de origem microbianas se tornam muito interessantes, já que
proporcionam fácil manuseio, produtividade alta e menor custo de produção. O
objetivo deste trabalho foi a produção, purificação, caracterização e avaliação do
potencial fibrinolítico das proteases produzidas por Streptomyces parvulus
DPUA 1573 e produção e purificação das proteases produzidas Aspergillus
tamarii kita UCP 1279. A enzima fibrinolítica obtida do Streptomyces parvulus
DPUA 1573 foi produzida por fermentação submersa utilizando farinha de
maracujá à 0,5% como substrato, sendo verificado uma atividade proteásica de
33,70 U/mL e uma atividade fibrinolítica de 11,49 U/mL. A mesma enzima foi
extraída utilizando o sistema de duas fases aquosas (SDFA) PEG/Fosfato
obtendo-se a melhor condição de extração com 17,5% de PEG 8000 g/mol, 15%
de Fosfato (p/p) e pH 8,0. Nessa condição, a enzima particionou para a fase rica
em PEG, tendo um coeficiente de partição de 7,33, um fator de purificação na
fase PEG de 2,10 e uma recuperação de 57,49%. Já a enzima fibrinolítica obtida
do Aspergillus tamarii Kita UCP1279 foi produzida por fermentação em estado
sólido utilizando 5g de farelo de trigo umedecido à 40%, sendo verificado uma
atividade proteásica de 47,26 U/mL e uma atividade fibrinolítica de 25,49 U/mL.
A enzima também foi extraída utilizando o SDFA PEG/Fosfato obtendo-se a
melhor condição de extração com 12,5% de PEG 8000 g/mol, 15% de Fosfato
(p/p) e pH 8,0. Nesta condição, a enzima particionou para a fase rica em sal,
apresentando um coeficiente de partição de 0,06, um fator de purificação na fase
Sal de 14,1 e uma recuperação de 487,2%. Quanto a caracterização bioquímica
da protease fibrinolítica pré-purificada do Streptomyces parvulus DPUA 1573,
verificou-se um aumento da atividade enzimática na presença de Fe2+ e
diminuição na presença de β-Mercaptoetanol, fluoreto de fenilmetilsulfonila e
ácido iodoacético, sendo caracterizada como uma serinoprotease. O pH ótimo
foi de 7,0 e a temperatura ótima de 40 ºC. Em relação a atividade trombolítica,
houve uma degradação do trombo sanguíneo pela ação do extrato bruto e da
protease fibrinolítica pré-purificada de 41,47% e 52,98% respectivamente. A
protease estudada degradou as frações α, β e γ do fibrinogênio. Na realização
da atividade amidolítica, a protease fibrinolítica foi considerada uma serina
protease semelhante à quimotripsina. Na verificação da ação da enzima sobre
os tempos de coagulação, a enzima prolongou discretamente os tempos
protrombina e protrombina parcialmente ativada, não afetando o tempo de
trombina. Além disso, no ensaio realizado para avaliar a biocompatibilidade
sanguínea demostrou-se que a enzima não foi hemolítica e no ensaio de
citotoxicidade, a protease fibrinolítica produzida foi atóxica, com viabilidade
celular foi superior à 80% para as linhagens celulares testadas.