ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E DA TOXICIDADE AGUDA E SUBAGUDA DO EXTRATO ETANÓLICO DE Hymenaea martiana HAYNE (FABACEAE) E SEU POTENCIAL NO CONTROLE DE Aedes aegypti (DIPTERA:CULICIDAE)
Controle Vetorial. Estimulante do Sistema Nervoso Central. Extratos vegetais. Testes de Toxicidade Aguda. Testes de Toxicidade Subaguda.
A utilização de plantas tem se tornado de grande relevância na descoberta de novas moléculas com diferentes atividades biológicas, como por exemplo, propriedades inseticidas. As pesquisas com utilização de óleos e extratos vegetais têm ampliado uma série de ações no controle de vetores de doenças e pragas, como Aedes aegypti, mosquito transmissor dos vírus responsáveis por doenças como dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela urbana. Todavia, também é importante investigar a seguridade no uso dessas moléculas e analisar se elas podem apresentar sinais de toxicidade a organismos não alvos. Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa, foi avaliar o potencial toxicológico do extrato etanólico bruto das folhas de Hymenaea martiana Hayne(EEBHm)sobrelarvas e pupas de Ae. aegypti e Mus musculus e realizar a prospecção fitoquímica do extrato. Para a análise química do extrato, seguiu-se as metodologias de cromatografia em camada delgada e reação química propostas por Harbone (1998) e de Wagner e Bladt(1996). Para avaliação da atividade larvicida e pupicida, foram utilizadas as concentrações de 10 mg/mL, 7,5 mg/mL, 5 mg/mL e 2,5 mg/mL do EEBHm. As análises foram realizadas em triplicata. Para a avaliação das toxicidades do EEBHm, foram utilizadasfêmeas decamundongos Swiss (Mus musculus). A toxicidade aguda seguiu o protocolo proposto pela OECD (2001) iniciando com a dose de 2000 mg/mL A toxicidade subaguda foi realizada segundo a OECD (2008). Foram usados grupos de 6 animais e submetidas às doses de 25, 50 e 100 mg/kg do extrato, por via oral, por 28 dias consecutivos. Ao término do teste, os animais foram sedados adequadamente e, através de punção cardíaca, foram coletadas amostras sanguíneas para análise hematológica e bioquímica. Os dados foram analisados por Análise de Variância (ANOVA), seguida do teste de Tukey. Na análise química realizada, identificou-se no EEBHm a presença de flavonoides, cumarinas, terpenos e saponinas. Após 24 horas do experimento larvicida, observou-se que as larvas expostas apresentaram uma mortalidade maior que 90% em todas as concentrações utilizadas, o que não foi observado no grupo controle negativo. Sendo também observado o pico de mortalidade do experimento após 1 hora do início. Em relação ao teste pupicida no decorrer das 24 horas de exposição, as concentrações de 10, 7,5 e 5 mg/mL apresentaram mais de 90% de mortalidade e a dose de 2,5 mg/mL um percentual de 53,3%, sendo observado o pico de mortalidade, após 4 horas de experimento. No teste de toxicidade aguda, os resultados do ensaio classificaram o extrato na categoria 5 (tendo como referência o Globally Harmonised System – GHS) e sua Dose Letal50 (DL50) foi estipulada como ≥5000 mg. No teste de toxicidade subaguda, houve ausência de efeitos clínicos tóxicos graves sobre Mus musculus e aumento de parâmetros hematológicos como hemoglobina. A partir dos resultados gerados, observou-se que o EEBHm apresentou ação larvicida e pupicida sobre Ae. aegypti e não mostrou sinais graves de toxicidade aos camundongos, o que é indicativo de uma maior segurança ao utilizar o extrato. Ainda em relação aos testes de toxicidade, foi possível observar ações estimulantes do EEBHm sobre o SNC e um poder nutricional relacionado ao aumento da hemoglobina dos animais. Dessa forma, o EEBHm mostra-se um promissor inseticida de origem vegetal, além de mostrar potencial para desenvolvimento de formulações estimulantes de SNC e como um suplemento alimentar.