Desenvolvimento de método indicativo de establidade de flavonoide em matrizes vegetais: Eugenia uniflora L. e Cinnamomum verum L. Presl
Eugenia uniflora; Cinnamomum verum; flavonoides; estabilidade; degradação; cromatografia
Eugenia uniflora L. e Cinnamomum verum J. Presl., são duas espécies ricas em flavonoides, amplamente utilizadas na medicina tradicional. Para que a utilização destas e de outras plantas medicinais possa ser feita de maneira segura e eficaz, a qualidade e estabilidade destas plantas e de seus produtos devem ser atestadas. Neste sentido, uma ferramenta importante na avaliação da estabilidade de produtos farmacêuticos é a utilização de métodos indicativos de estabilidade. Assim, o objetivo deste estudo foi desenvolver e validar métodos indicativos de estabilidade de flavonoides nas matrizes vegetais de E. uniflora e C. verum. Inicialmente as espécies foram coletadas, identificas e caracterizadas de acordo com os parâmetros preconizados pela farmacopeia brasileira 6 ed. Foram utilizadas técnicas estatísticas na análise das melhores condições para extração dos flavonoides de ambas as espécies, posteriormente, foram obtidos extratos secos por aspersão (ESA), que foram caracterizados por cromatografia em camada delgada (CCD) e por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Um estudo de degradação forçada foi realizado nos ESA de ambas as espécies e no padrão miricitrina, por fim, os métodos foram validados e avaliados quanto as suas capacidades de indicar a estabilidade da miricitrina e rutina nos ESA. Os resultados indicaram que as matérias primas vegetais (MPVs) estavam dentro dos parâmetros de qualidade estabelecidos pela farmacopeia. As melhores condições de extração de flavonoides foram fixadas em 5% de relação droga:solvente e etanol 80% como solvente extrator para ambas as espécies. Esses extratos foram secos por aspersão, e analisados por CCD, que evidenciou a presença de 8 e 5 bandas características de flavonoides nos extratos de E. uniflora e de C. verum, respectivamente. A análise por CLAE revelou a presença de 4 flavonoides no extrato de E. uniflora, dentre eles a miricitrina (2,92 ± 0,02 g%). Já análise por CLAE da matéria prima de C. verum indicou a presença de 5 flavonoides, dentre eles a rutina (0,070 ± 0,001 g%), a análise do seu ESA também indicou a presença de rutina (0,634 ± 0,001 g%). O estudo de degradação forçada do ESA de E. uniflora indicou que a miricitrina é sensível a degradação nas condições de hidrólise, e estável nas condições de estresse oxidativo, térmico e fotolítico. A degradação forçada do padrão miricitrina demonstrou que este composto isolado é mais susceptível a degradação, sendo degradado em maior intensidade em todas as condições de degradação. O estudo de degradação forçada do ESA de C. verum indicou que a rutina é sensível as situações de estresse hidrolítico, apresentando estabilidade nas outras condições. Os métodos foram validados com êxito, estando em conformidade com a legislação vigente (RDC 166/2017). Ambos os métodos demonstraram seletividade adequada aos flavonoides rutina e miricitrina, mesmo em meio a possíveis produtos de degradação. Em conclusão, os resultados obtidos demonstram que os métodos validados podem ser utilizados como indicativos da estabilidade da miricitrina e da rutina nas matrizes vegetais de E. uniflora e C. verum, respectivamente.