Respostas da comunidade de formigas (Hymenoptera: Formicidae) à agricultura de corte-e-queima na Caatinga
Florestas secas. Perturbações antrópicas. Resiliência. Mirmecofauna.
As perturbações antrópicas como agricultura de corte-e-queima são a principal causa da atual destruição dos ecossistemas naturais e perda de biodiversidade. Aqui, avaliamos como a agricultura de corte e queima afeta a comunidade de formigas em uma área de Caatinga no Parque Nacional do Catimbau, PE. Para examinar os efeitos da perturbação na abundância de formigas, riqueza e composição de espécies da comunidade e dos grupos generalistas e especialistas, adotamos a abordagem experimental aplicada a seis parcelas de 20 x 50m divididas em três blocos, nos quais uma parcela foi mantida como controle e outra foi submetida a agricultura de corte e queima. A comunidade de formigas foi amostrada uma vez nas parcelas antes da aplicação da agricultura e três vezes após. Foram coletadas 39 espécies de formigas pertencentes a 20 gêneros e cinco subfamílias, sendo 37 espécies de formigas nas parcelas de floresta e 31 nas parcelas com agricultura. No nível da comunidade, a fauna de formigas foi pouco sensível a agricultura após o corte e queima e ao longo de dois anos, sendo a maioria das mudanças detectadas no nível de espécie e grupos funcionais. Não houve aumento geral na proporção de generalistas para especialistas com a agricultura de corte e queima, mas a proporção diferiu com o tempo. A agricultura de corte e queima favoreceu consideravelmente algumas poucas espécies adaptadas a ambientes abertos e quentes, e prejudicou outras espécies conhecidamente adaptadas à perturbação. Nossos resultados sugerem uma alta resiliência da fauna de formigas da Caatinga a agricultura de corte e queima e apontam para a importância de considerar o papel do comportamento das espécies de formigas nas respostas à essa perturbação.