Genotoxicidade comparativa de grandes peixes pelágicos em duas unidades de conservação do Atlântico Sudoeste
Poluição. Danos genômicos. Tubarões. Scombridae. Carangidae.
A poluição representa uma das maiores ameaças aos ecossistemas marinhos, devido ao elevado potencial de bioacumulação e sensibilidade associada às espécies que habitam esses ecossistemas. No Brasil, o Parque Nacional Marinho e a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (AFN), e o Monumento Natural e a Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) são áreas de proteção ambiental marinhas estabelecidas por lei, consideradas “hotspots” de biodiversidade. Atualmente, diferentes métodos estão sendo utilizados para a realização de diagnósticos da saúde ambiental em áreas de proteção ambiental, dentre eles a análise de danos no genoma em consequência da ação de poluentes e estressores. Contudo, até o momento, essas metodologias ainda não tinham sido aplicadas ao estudo de elasmobrânquios e grandes peixes-ósseos pelágicos marinhos de valor comercial, como os atuns e afins. Deste modo, o presente estudo buscou investigar a incidência de danos genômicos entre diferentes espécies de tubarões que habitam o AFN e o ASPSP e a relação desses danos com concentrações de metais presentes no sangue de tubarões no AFN, além de investigar a incidência de danos genômicos em diferentes espécies de peixes-ósseos pelágicos comerciais no ASPSP e realizar a análise de dano genômico comparativo entre indivíduos de albacora-laje (Thunuus albacares) capturados em ambas as unidades de conservação. Os resultados indicaram frequências elevadas de danos genômicos nos tubarões analisados em comparação com as espécies de peixes-ósseos, e sugerem que essas espécies são mais suscetíveis a efeitos subletais em decorrência do contato com poluentes. O tubarão-tigre, Galeocerdo cuvier, apresentou a maior suscetibilidade e sensibilidade entre as espécies analisadas, enquanto que o tubarão-lixa, Ginglymostoma cirratum, foi a espécie com as menores frequências de danos e concentrações de metais. Características como o uso do habitat, posição trófica, metabolismo e características morfológicas como a incidência elevada de gordura no músculo e fígado, podem favorecer a frequência elevada desses efeitos. No entanto, níveis basais de concentrações de metais no sangue e de frequência de danos genômicos em tubarões ainda não foram estabelecidos, com a elevada instabilidade genômica observada nos tubarões preocupante quanto ao estado de saúde desses animais, bem como à qualidade desses ambientes, que apesar de constituírem unidades de conservação protegidas por lei, estão com a qualidade da água comprometida, evidenciando a necessidade do monitoramento contínuo dessas regiões e da elaboração de medidas de manejo eficazes para o despejo de resíduos, visando a conservação desses ecossistemas únicos e de sua fauna associada.