Padrão de uso de plantas medicinais lenhosas na Caatinga: aspectos ecológicos e evolutivos
Flora medicinal; hipótese de seleção não aleatória de plantas; métodos filogenéticos comparativos; sistemas médicos locais; variações ecogeográficas.
Plantas medicinais sempre tiveram um papel importante na saúde e sobrevivência das pessoas em seus respectivos contextos socioambientais. Compreender o padrão de uso de plantas na medicina popular é uma questão central em estudos etnobotânicos. Evidências empíricas sugerem que o padrão não aleatório do uso medicinal de plantas é explicado pelas relações de parentesco entre as espécies. Entretanto, acreditamos que além do contexto filogenético, variações ecogeográficas e adaptações ao ambiente florístico podem estar conduzindo o padrão de uso das plantas pelas populações. Portanto, utilizando um conjunto de dados de plantas medicinais lenhosas, investigamos se condições ecogeográficas (precipitação), que caracterizam a Caatinga, podem moldar o padrão filogenético de plantas lenhosas conhecidas como úteis para o tratamento de doenças. Enquanto inúmeras evidências sugerem que a filogenia, por si só, é preditora do padrão não aleatório dos usos medicinais, nossos resultados sugerem que não há relação entre o parentesco das espécies e o uso medicinal de plantas lenhosas. Em outras palavras, plantas são selecionadas por meio de um padrão aleatório nas comunidades. Além disso, não encontramos uma relação entre a precipitação e o padrão filogenético de plantas conhecidas medicinalmente nas comunidades. No entanto, nosso estudo sugere que a integração de aspectos ecológicos, evolutivos e, em última análise, culturais, podem fornecer insights sobre os processos subjacentes que moldam a dinâmica de seleção e uso de plantas medicinais.