RELAÇÃO ENTRE A VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL E OS SEUS FENÓTIPOS: UM ESTUDO BASEADO EM MEDIDA RESIDENCIAL DA PRESSÃO ARTERIAL
Hipertensão arterial; Pressão arterial; MRPA; Variabilidade da pressão arterial
A Hipertensão Arterial (HA) continua a ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade cardiovascular. Historicamente, o diagnóstico e tratamento da HA se baseiam na medida da Pressão Arterial de Consultório (PAC). Entretanto, esta abordagem não é capaz de diagnosticar adequadamente os indivíduos, além de ser falha na avaliação do tratamento destes. As diretrizes atuais sobre hipertensão recomendam a utilização de medidas fora do consultório, utilizando a: Medida Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) ou a Medida Residencial da Pressão Arterial (MRPA). As medidas de consultório e fora de consultório muitas vezes divergem entre si, revelando o chamamos de fenótipos da hipertensão. Estes fenótipos, em geral estão associados ao aumento do risco cardiovascular dos indivíduos. São estes: Normotensão Verdadeira (NT), Hipertensão Sustentada (HS), Hipertensão do Avental Branco (HAB), e Hipertensão Mascarada (HM), entre indivíduos não tratados; e Hipertensão Controlada (HC), Hipertensão Sustentada Não Controlada (HSNC), Hipertensão do Avental Branco Não Controlada (HAVNC), e Hipertensão Mascarada Não Controlada (HMNC), entre indivíduos tratados. O aumento do risco cardiovascular dos indivíduos pode não ter relação apenas com o nível médio da Pressão Arterial de Consultório (PAC), ou com os fenótipos da mesma, mas também com a extensão da sua variabilidade. Este estudo avaliou a relação entre a Variabilidade da Pressão Arterial (VPA) e seus fenótipos, avaliados pela MRPA. Comparou a VPA entre fenótipos da pressão arterial em indivíduos não tratados e tratados, baseadas em valores de corte da PAC e valores de MRPA, propostos pelas diretrizes atuais. European Society of Hypertension (ESH): 130/85 mmHg para indivíduos com PAC<140/90 mmHg; American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA): 120/75 mmHg para indivíduos com PAC<130/80 mmHg; Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC): 130x80 mmHg para indivíduos com PAC<140x90 mmHg. Foram avaliados de forma transversal indivíduos não tratados com medicações anti-hipertensivas (n=56.100) e tratados com medicações anti-hipertensivas (n=51.194), totalizando 107.294 indivíduos oriundos de 1.045 centros brasileiros. As VPA sistólica e diastólica obtidas através da MRPA, foram estimadas como: desvio-padrão, coeficiente de variação e variabilidade independente da média da MRPA. A análise dos resultados mostrou que a VPA difere de acordo com os critérios (valores). De acordo com os critérios da ESH, a VPA é maior entre os indivíduos com HAB/HABNC e HM/HMNC. Avaliando os critérios da ACC/AHA, a VPA é maior entre os indivíduos com HM e HMNC. Já em relação aos critérios adotados pela SBC, a VPA é maior entre indivíduos com HM e HMNC. Importante ressaltar que uma análise restrita mostrou uma associação em forma de “U” entre a VPA e a diferença entre a PAC e MRPA entre indivíduos tratados e não tratados. Em conclusão, a VPA foi maior em HAB/HABNC e/ou HM/HMNC a depender dos critérios adotados para definir valores anormais de PAC e MRPA, sugerindo que a mesma pode ser um elo explicativo do maior risco cardiovascular observados nestes fenótipos.