ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO DA ADMINISTRAÇÃO OROFARÍNGEA DE COLOSTRO EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS COM BAIXO PESO
Colostroterapia; Recém-nascidos prematuros; Cuidados intensivos neonatais; Desfechos neonatais; Educação em Saúde.
A colostroterapia, que envolve a administração orofaríngea de colostro humano em recém-nascidos prematuros de baixo peso (RNPBP), tem sido investigada como uma estratégia para melhorar a saúde desses neonatos, especialmente em unidades de cuidados intensivos neonatais (UTIN). O colostro é rico em imunoglobulinas, lactoferrina e outros fatores imunológicos que podem auxiliar na maturação do sistema imunológico e na prevenção de infecções em RNPBP, um grupo particularmente vulnerável a complicações graves e infecções. O objetivo deste estudo foi analisar o impacto das características maternas, comorbidades e intervenções sobre os desfechos neonatais em RNPBP hospitalizados em unidades de cuidados intensivos e intermediários do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), em Pernambuco, submetidos à colostroterapia versus placebo. Assim, tratou-se de um estudo clínico randomizado, cego e placebo controlado, realizado no IMIP, em Recife, Pernambuco. Foram incluídos 49 recém-nascidos prematuros e de baixo peso, nascidos com idade gestacional ≤ 37 semanas e peso menor ou igual a 2 kg, entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024. Os neonatos foram randomizados em dois grupos: grupo A (n = 29), submetido à administração orofaríngea de colostro, e grupo B (n = 20), que recebeu placebo. A colostroterapia foi realizada e as variáveis maternas e neonatais foram coletadas a partir de prontuários eletrônicos. A análise das características maternas revelou que a maioria das mães era jovem, solteira e com nível de escolaridade de ensino médio. Ademais, a prevalência de comorbidades maternas, como hipertensão, diabetes e infecções, foi baixa. Os resultados mostraram que a colostroterapia teve um impacto positivo na estabilização de parâmetros vitais como a frequência cardíaca e a saturação de oxigênio dos neonatos. Além disso, como produto do presente estudo, foram criados um protocolo operacional padrão de colostroterapia para implantação em serviços que prestam assistência à saúde com foco em prematuros e uma cartilha educativa para as puérperas. Sugere-se que a colostroterapia pode ser uma intervenção eficaz e segura para melhorar os desfechos clínicos em recém-nascidos prematuros de baixo peso, contribuindo para a redução de complicações e mortalidade neonatal. A implementação de um protocolo operacional padrão para colostroterapia nas UTIN pode representar um avanço significativo na assistência neonatal em unidades de saúde pública, especialmente em regiões com altos índices de prematuridade, como o Nordeste do Brasil.