COVID-19 E COINFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA POR BACTÉRIAS MULTIDROGA-RESISTENTES EM UM HOSPITAL DE RECIFE: ANÁLISE RETROSPECTIVA (2020-2021)
SARS-COV-2. BACTEREMIA. RESISTÊNCIA. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
A COVID-19 é uma infecção viral com alto índice de mortalidade, tornando-se assim um problema de saúde pública. Devido a criticidade da doença, os pacientes acometidos pela COVID-19 tornam-se mais susceptíveis a adquirir coinfecções, tendo a infecção de corrente sanguínea (ICS) como a de maior prevalência. Desse modo, o objetivo do estudo foi associar a COVID-19 com a ocorrência de infecção de corrente sanguínea causada por bactérias multidroga-resistentes (MDR) em pacientes hospitalizados na UTI de um hospital de grande porte de Recife - PE. Trata-se de um estudo retrospectivo, de caráter transversal, realizado através do levantamento de ICS causada por bactérias MDR em pacientes internados na UTI de um hospital de grande porte na cidade do Recife, no período da pandemia da COVID-19, de abril 2020 a dezembro de 2021, com diagnóstico de SARS-COV-2 positivo. Os dados foram coletados através do prontuário eletrônico do paciente e do banco de dados do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). A população mais afetada com COVID-19 e ICS causada por bactérias MDR foram os pacientes do sexo masculino, idosos e que apresentavam comorbidades, dentre elas hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, cardiopatias e doença renal crônica. As bactérias com maior prevalência de ICS foram Acinetobacter baumannii (n=13) e Klebsiella pneumoniae (n=13). Avaliando o perfil de sensibilidade das bactérias, nota-se uma maior resistência das bactérias Gram negativas aos carbapenêmicos, no grupo com COVID-19 (n=20, 19,8%), prevalecendo Acinetobacter baumannii (n=11) e Klebsiella pneumoniae (n=8), seguida por bactérias Gram-positivas, destacando Staphylococcus coagulase negativo resistente apenas à oxacilina (n=17, 16,8%). Considerando as ICS por bactérias MDR (n=39) apresentadas no estudo, independente do seu perfil de sensibilidade, foi observado um percentual de 40,6% de bactéria MDR nos pacientes com COVID-19. Desta forma, conclui se que os pacientes COVID-19 estão mais predispostos a adquirir infecção de corrente sanguínea por bactéria MDR e a terem desfechos desfavoráveis. Os pacientes com maiores riscos foram os do sexo masculino, idosos e que apresentavam presença de comorbidades e prevaleceram as infecções por bactérias Gram-negativas resistentes a carbapenêmicos, seguidas pelas Gram-positivas resistentes à oxacilina.