VALIAÇÃO DO PERFIL DE EXPRESSÃO DO INFLAMASSOMA NLRP3 COMO PREDITOR DE RESPOSTA AO TRATAMENTO IMUNOSSUPRESSOR NA NEFRITE LÚPICA
Nefrite Lupica, Inflamassoma, NLRP3, tratamento imunossupressor
Introdução: A nefrite lúpica (NL) é uma manifestação comum do lúpus eritematoso sistêmico (LES), podendo acometer até 60% dos pacientes durante o curso da doença. Além de comum, é uma manifestação grave, responsável por maior morbidade e mortalidade comparados a pacientes sem NL. O inflamassoma NLRP3 é um complexo multiproteico que vem sendo extensivamente estudado na patogênese da NL, no entanto, sua atuação como preditor de resposta ao tratamento imunossupressor não é bem estabelecido. Este estudo teve como objetivo avaliar o papel do inflamassoma NLRP3 como preditor de resposta ao tratamento imunossupressor em pacientes com NL ativa. Metodologia: Estudo de coorte prospectivo com 20 pacientes adultos diagnosticados com LES (EULAR/ACR 2019), SLEDAI ≥ 5 e NL ativa confirmada por biópsia renal com classes III ou IV ± V. O estudo foi realizado de janeiro de 2021 a setembro de 2023 e os pacientes foram acompanhados na biópsia (T0), 6 meses (T6) e 12 meses (T12). Após 12 meses de tratamento imunossupressor, os pacientes foram classificados de acordo com a resposta renal de eficácia primária, em grupo RREP e não-RREP. A expressão gênica foi avaliada para NLRP3, CARD8, CASP1, IL1B e IL18 por RT-qPCR em PBMC. Foi realizada imunohistoquímica (IHQ) para NLRP3 no tecido renal. A concentração da citocina IL-1β foi medida usando o BD™ Cytometric Bead Array (CBA). Resultados: Os pacientes tinham idade média de 31,9 ± 8,3 anos, sendo 19 mulheres e 1 homem. Após 12 meses, 13 (65%) pacientes atingiram RREP. A intensidade de NLRP3 em células inflamatórias na IHQ foi maior em pacientes do grupo não-RREP comparados ao grupo de RREP (p=0.0426). Pacientes com IHQ positiva forte de NLRP3 em células inflamatórias tiveram um risco maior de não responder ao tratamento, comparados aos pacientes com IHQ positiva fraca (RR 3,0 – IC 1,4-10,3; p=0,0210). No grupo não-RREP, a expressão gênica de IL1B mostrou aumento significativo em T6 (FC = 2,22: p=0,0037) e T12 (FC = 2,91; p=0,0001) em comparação com T0. A expressão relativa dos genes estudados não mostrou diferenças significativas entre os grupos ao longo dos 12 meses de tratamento, exceto para IL1B, que foi maior em pacientes não-RREP em T12 (p=0,0477). No grupo não-RREP, a expressão de NLRP3 e IL18 em T0 se correlacionou fortemente com proteinúria em T12 (r=0,8441, p=0,0164) e creatinina sérica em T12 (r=0,8152; p=0,0255), respectivamente. Conclusão: Em nosso estudo, a IL-1β aumentou durante o tratamento imunossupressor no grupo sem resposta, apontando para um possível biomarcador de atividade da doença. Além disso, a marcação forte da IHQ para NLRP3 foi associada a uma maior probabilidade de não resposta ao tratamento, destacando o potencial do inflamassoma NLRP3 como preditor de pior desfecho clínico.