DESENVOLVIMENTO, CARACTERIZACAO E AVALIACAO IN VITRO DE NANOPARTICULAS POLIMERICAS PARA O TRATAMENTO DA TUBERCULOSE SENSIVEL E DROGA RESISTENTE
tuberculose; PLGA; nanopartículas; levofloxacina; resistência antimicrobiana.
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa milenar que permanece como um dos principais desafios de saúde pública no mundo, sendo causada predominantemente pelo Mycobacterium tuberculosis. A crescente incidência de cepas resistentes aos medicamentos convencionais tem dificultado o tratamento, que pode se estender por até dois anos e requerer o uso de fármacos altamente tóxicos. Diante desse cenário, torna-se urgente o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes e seguras. As nanopartículas poliméricas têm se destacado como estratégias inovadoras para o transporte de fármacos, promovendo maior eficácia terapêutica e redução da toxicidade. A levofloxacina, uma fluoroquinolona de amplo espectro, que tem sido incorporada ao tratamento da tuberculose resistente por sua comprovada atividade antimicobacteriana. No entanto, seu uso ainda é limitado devido à baixa biodisponibilidade, efeitos adversos sistêmicos e potencial de induzir resistência. A nanoencapsulação da levofloxacina em polímeros biodegradáveis, como o poli(ácido lático-co-glicólico) (PLGA), surge como uma alternativa promissora para superar essas limitações, sendo o PLGA amplamente estudado por suas propriedades de biocompatibilidade, liberação controlada e potencial para administração pulmonar. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana in vitro e o perfil de citotoxicidade de nanopartículas poliméricas de PLGA contendo levofloxacina, frente às cepas sensível (H37Rv), multidroga resistente (MDR-551) e avirulenta (H37Ra) de M. tuberculosis. As nanopartículas foram desenvolvidas por meio da técnica de dupla emulsão (W/O/W), caracterizadas quanto ao tamanho, potencial zeta, índice de polidispersão e eficiência de encapsulação. A atividade antimicrobiana foi avaliada por meio do ensaio de concentração inibitória mínima (CIM) e os testes de citotoxicidade realizados em culturas celulares de macrófagos J774A.1 e células epiteliais pulmonares A549 pelo ensaio MTT. As formulações apresentaram tamanho médio de 181,17 nm, PDI de 0,04, potencial zeta de -9,33 mV e eficiência de encapsulação de 40,23%. A formulação demonstrou atividade significativa, com CIM de 0,031 µg/mL para a cepa H37Rv, inferior à levofloxacina livre (0,5 µg/mL). Para a cepa MDR-551, os valores de CIM foram equivalentes. Nos ensaios de citotoxicidade, a formulação nanoencapsulada apresentou perfil de segurança superior, com redução de toxicidade de até 9 vezes nas células A549. Em macrófagos J774A.1, a viabilidade celular manteve-se em 50% nas menores concentrações testadas. Dessa forma, a levofloxacina nanoencapsulada em PLGA demonstrou propriedades físico-químicas adequadas, eficácia antimicrobiana frente a cepas sensível e droga resistente de M. tuberculosis e boa compatibilidade celular, configurando-se como uma estratégia promissora para o tratamento da tuberculose.