Dona Creuza: Fonte de inspiração educacional e política no sertão de Pernambuco
Memórias. Trajetória educacional. Gênero. Biografia. Salgueiro/PE.
Trata-se de uma investigação em nível de mestrado desenvolvida na linha de pesquisa Identidades e Memórias do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco e procurou responder aos seguintes questionamentos: Quais configurações sociais mobilizam as memórias da professora normalista Cleusa Pereira do Nascimento em sua trajetória de vida, e como ela se posiciona politicamente no Sertão Central de Pernambuco, Brasil? O estudo parte da hipótese de que emergem das configurações educacionais, religiosas e políticas, as principais memórias da professora de origem popular que estudou no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina: um lugar de aprendizado eminentemente religioso, onde se preparou para o casamento, cuidados com os filhos ou celibato. Todavia, durante a trajetória, Dona Creuza, como também é chamada, deixou de desempenhar a função de professora para seguir a carreira política partidária. Para responder aos questionamentos e corroborar a hipótese, os objetivos estão assim formulados: 1. Contribuir com o debate no campo das pesquisas biográficas, com base na trajetória de vida da professora Cleusa Pereira do Nascimento (Dona Creuza); 2. Analisar a trajetória de vida da professora Cleusa Pereira do Nascimento com foco nas memórias que emergiram das configurações educacionais, religiosas e políticas; 3. Identificar e analisar o momento em que Dona Creuza deixa de atuar no ambiente educacional e passa à política partidária. Com base no Diagrama do Constructo do “Eu” Fonte (Souza, 2020), o corpus documental foi constituído de entrevistas narrativas com a biografada, familiares e ex-aluno; iconografias fotográficas; boletins partidários; menções honrosas; revistas mensais; livro de memória; além dos aspectos descritivos da produção cultural e anel de formatura da personagem central do estudo. A pesquisa tem como referência teórica Norbert Elias (1994; 1995; 2006; 2008); Elias e Scotson (2000), além de autores, como: Halbwachs (1990); Jovchelovitch e Bauer (2002); Gohn (2006, 2006a), Delory-Momberger (2014; 2016), Passeggi (2016, 2021) e Eakin (2019), entre outros. A análise resultou em uma narrativa construída em momentos episódicos na infância, educação infantil e normal rural, na formação profissional e religiosa, na atividade partidária e política. Os resultados também confirmam a biografização (forma de aprendizagem) centrada no campo religioso, assim como uma mulher de 87 anos de autoestima elevada, com a consciência de seu papel político bem definido no local de moradia, seja conciliando-negociando ou transgredindo nas relações de poder e gênero e, anuncia, dito por ela mesma, ‘ainda ter algumas missões sociais a serem cumpridas’.