PLANTAS PROFESSORAS: Contribuição do pensamento mítico para a emergência de subjetividades crioulizadas.
Crioulização, Descolonização, Educação, Mito, Subjetividades.
Esta pesquisa versa sobre o lugar do pensamento mítico na
performance do “ser” imerso na cosmovisão dos povos das matas, considerando a
relação das matrizes culturais indígenas e africanas com o não humano, nesse caso, as
plantas professoras e medicinas da floresta. Para tanto, levantamos o seguinte
objetivo: Analisar e compreender, a dimensão educativa do pensamento mítico no
delineamento das subjetividades de matrizes indígenas e africanas na cultura da
Jurema Sagrada e na relação educativa xamânica que envolve as plantas de poder,
consideradas professoras e/ou medicinas. Ainda; que consequências epistemológicas,
políticas e pedagógicas, a resposta a tal objetivo pode trazer para um possível
processo de descolonização da educação no Brasil? Compomos nossa metodologia a
partir da investigação Poética da Relação como uma possibilidade para olharmos as
diferentes culturas e modos de vida de forma aberta ao conhecimento desse Outro
Glissant (2021). Observar como o conceito de crioulização nos leva a analisar
processos que não se permitiram colonizar desde suas matrizes culturais. Analisar a
imprevisibilidade poética como possibilidade de criação de “novas” éticas através de
narrativas míticas, oralidade e ancestralidade. Compreender que a educação
xamânica é regida pelas plantas de poder, nesse caso, a Ayahuasca e o rapé, que
promovem uma abertura para a relação com o não humano, os sonhos como formas
de conhecimento e aprendizado para essas culturas e como isso implica nos
paradigmas educacionais em sentido mais amplo. Nessa perspectiva, percebemos que
seja possível o mito contribuir de forma significativa e afetuosa na formação da
subjetividade a partir da relação com o não humano e da comunidade em torno dos
espaços sagrados e que fazem uso das plantas de poder. Por fim, sugerimos nas
considerações finais uma “pedagogia da relação” que compreende a relação que
produz a crioulização, e neste caso, incluiu-se a relação com os seres encantados e
não humanos. Valorizando os mitos em torno das plantas que ensinam, das árvores
míticas, da ancestralidade e da espiritualidade destes povos, considerando a existência
de educações que podem ser múltiplas, diversas e plurais,