Geopolitica do Conhecimento e Internacionalizacao: Um Laboratorio de Sentidos no Nordeste Brasileiro
Internacionalização universitária, geopolítica do conhecimento, educação superior, decolonialidade, contra-colonialidade.
Esta pesquisa investigou a internacionalização universitária no Nordeste brasileiro entre 2019 e 2025, articulando o cruzamento de dissertações e teses à problematização da ausência de perspectivas sensíveis ao território nordestino e às formas de narrar o saber, historicamente moldadas pelo colonialismo. Sustentada em epistemologias nordestinas, travestilidades e pedagogias contra-coloniais, a investigação analisou 21 trabalhos acadêmicos a partir de uma perspectiva situada, que reconhece a implicação do corpo pesquisador no processo de conhecer. O objetivo foi identificar a posição epistemológica mobilizada nessas produções e discutir a presença, ou ausência, da crítica à colonialidade no debate nordestino sobre a geopolítica do conhecimento. O procedimento metodológico seguiu a análise de conteúdo, reorganizada como um espaço experimental de cruzamento dos trabalhos, compreendido como “laboratório de sentidos”. Os resultados revelam que, embora haja avanços e as pesquisas transitem para além do campo da educação, abrangendo áreas correlatas da gestão universitária, relações internacionais e políticas públicas, predominam narrativas alinhadas a modelos institucionais globais, com pouco enfrentamento às hierarquias raciais, epistêmicas e territoriais. Observou-se que as pesquisas compartilham três pontos principais: a) abrangência do estudo na temática da internacionalização; b) recorrências e singularidades; c) repetição dos referenciais teóricos. Conclui-se que a experiência travesti, articulada a epistemologias contra-coloniais, amplia a potência crítica e criativa do campo, reposicionando a universidade como território de sentidos, existências e formas de conhecer.