na Região Metropolitana do Recife
Educação Audiovisual; Experiência; Formação Humana; Vínculo; Cinema e Educação
Esta dissertação investiga o papel da experiência e da formação de vínculos na educação audiovisual, analisando três projetos realizados na Região Metropolitana do Recife entre 2014 e 2023: Fazer o Mundo Fazendo Vídeo (FMFV), Cartas ao Mundão e a Oficina de Correspondências Audiovisuais Vila Arraes/Fulni-ô. A partir de um diagnóstico sobre a escassez da experiência na modernidade (Benjamin), passando pela crítica à "educação bancária" (Freire), chegamos a uma defesa sobre o "saber de experiência" (Larrosa) nos processos de formação audiovisual. A presente pesquisa argumenta que a potência transformadora dessas iniciativas reside menos na transmissão de conteúdos técnicos sobre o fazer audiovisual, e mais na possibilitação de experiências compartilhadas, no fortalecimento de vínculos afetivos e na produção de um autoconhecimento, ou ainda, do conhecimento comunitário e de pertencimento ao território.. Por meio de uma metodologia qualitativa, promovemos a análise documental, fílmica e de entrevistas em profundidade acerca dos três projetos destacados. O estudo demonstra como as práticas pedagógicas analisadas, influenciadas também por outros autores do campo de Cinema e Educação como Migliorin e Pipano, privilegiam o fazer audiovisual como expressão subjetiva autônoma e contemplam as experiências lúdicas como processos formativos capazes de impactar profundamente a vida dos participantes. Conclui-se que a educação audiovisual, quando fundada no vínculo entre educadores e educandos e aberta ao risco do inesperado, opera como uma prática emancipatória que humaniza as relações e resiste à lógica tecnicista e instrumental da educação tradicional.