Pesadelos do passado: realismo e insegurança perceptual nos filmes de Robert Eggers
realismo; Robert Eggers; horror; insegurança perceptual; teoria do cinema.
Nas últimas décadas, o cinema mundial contemporâneo tem apresentado uma pluralidade de atualizações, reinvenções e desdobramentos das diretrizes associadas ao realismo. Dentro desse escopo, a filmografia de Robert Eggers é marcada, sobretudo, por aplicar uma abordagem realista sobre temas folclóricos de diferentes povos do passado. Seus roteiros articulam-se na sobreposição da dimensão factual de uma época ao sistema de crenças ali vigente, inserindo elementos sobrenaturais nas diegeses das narrativas, por vezes de forma imprecisa ou ambígua. Assim sendo, o objetivo da presente pesquisa é a análise dos três primeiros longa-metragens dirigidos por Robert Eggers — A Bruxa (2015), O Farol (2019) e O Homem do Norte (2022) — com foco em sua dimensão estilística, buscando assim desenvolver um traço autoral próprio do diretor. Partindo do histórico de debates acerca do realismo no cinema até o que se configura hoje como Novo Realismo, busca-se ponderar como cada uma das três obras, em suas distintas movimentações estéticas, promovem o efeito de “Insegurança Perceptual”, vulgo a predisposição em confundir e desestabilizar suas próprias instâncias diegéticas e narrativas.