João Moreira Salles ensaísta da imagem: escritas de si em Santiago e No intenso agora
write of the self; documentary; filmic self-inscription; essay; Santiago; No intenso agora.
O estudo se propõe a analisar a escrita de si do documentarista brasileiro João Moreira Salles nos filmes Santiago (2007) e No Intenso Agora (2017), operada a partir da mobilização ensaística das imagens de arquivo. Por meio delas, é possível vislumbrar outras camadas de sentido, legibilidades e entendimentos do passado, seja esta leitura vinculada à experiência pessoal do diretor que se (re)apropria dos registros imagéticos, seja uma tentativa de revisão histórica. Nos filmes analisados, esse procedimento discursivo-narrativo é percorrido pelo realizador e se configura como uma espécie de ensaio que tem como base o material arquivístico, a reflexão diante da imagem e a enunciação do “Eu”. Para efetivar a investigação acadêmica proposta, a base teórica do estudo são os conceitos de escritas de si e seus desdobramentos por meio de autoras e autores como Philippe Lejeune (2008), Judith Butler (2015), Mikhail Bakhtin (2010), Leonor Arfuch (2010), Michel Foucault (2004); de arquivo e imagens arquivísticas seguindo o cotejo teórico de Sylvie Lindeperg (2015), Jaimie Baron (2018), Chistophe Prochasson (1998), Arlette Farge (2009); sobre cinema documental, documentário em primeira pessoa e autoinscrição fílmica por meio dos estudos de Michael Renov (2014), Alisa Lebow (2012), Jean-Louis Comolli (2008), Arlindo Machado (2011); sobre ensaísmo a partir das leituras de Gabriela Almeida (2018), Timothy Corrigan (2015), Theodor Adorno (2003), dentre outros complementares.