O devaneio da coruja: correspondências fílmicas e o cinema epistolar
cinema epistolar, cultura visual, experiência estética, cinema e memória.
De Marker a Kramer, de Cavalier a Akerman, de Kiarostami a Kawase muitos cineastas realizaram cartas filmadas, filmes-cartas e vídeo-cartas. Diferente de um filme documentário ou de uma carta escrita, o cinema
epistolar se constitui de formas híbridas, heterogêneas e até “menores" à cinematografia. Nesta partilha sensível entre o cineasta e o espectador, entre o remetente e o destinatário, encontram-se filmes tecidos pela memória e a intimidade e que tem como horizonte a busca pelo outro. Pelo intercâmbio de vídeos que fizeram os integrantes da etnia Waiãpi conhecerem os integrantes da etnia Zo’é, pelos postais cinematográficos que cruzaram o atlântico no começo do século XX devido a saudades que sofriam os imigrantes Galegos na América e pela correspondência poética criada pela experimentação em vídeo dos cineastas Shûji Terayama e Shuntarô Tanikawa, esta dissertação de mestrado estuda a história das correspondências fílmicas na cultura visual relacionando seus exemplos na intenção de compreender a sobrevivência de seus fenômenos de origem e sua experiência estética, para assim, questionar como sujeitos que se constituem por imagens provocam o encontro com o outro que se sente convocado a se corresponder por imagens.