“METAL É PRA HOMEM, CARA”: um estudo interdisciplinar sobre as masculinidades performadas na cena heavy metal de Belém-PA em espaços físicos e ambientes digitais (final dos anos 1970 até 2024)
audiovisual; branquitude; cena musical; heavy metal; masculinidade
Um estudo interdisciplinar sobre as masculinidades performadas na cena heavy metal de Belém-PA em espaços físicos e ambientes digitais. Ele se organizará em duas partes. A primeira diz respeito à formação histórica das relações entre as masculinidades da cena heavy metal de Belém-PA (final dos anos 70 até o término dos 1990) e com outros grupos sociais. Para expô-la, recorri às entrevistas gravadas, notícias em revistas especializadas, matérias em fanzines, jornais locais, letras de músicas, capas de singles, demo-tapes, álbuns, fotos e páginas na internet (facebook). Já a segunda é sobre os roteiros de masculinidades e feminilidades performados na cena local via suas produções audiovisuais presentes nas plataformas digitais (youtube e facebook) (2015 à 2024). Visando exibi-la, acionei os videoclipes, as publicações, os comentários de suas páginas e canais oficiais no youtube e facebook, além de entrevistas (gravadas, em blogs e páginas especializadas no facebook), matérias em fazines, páginas de produtoras e coletivos no facebook, letras de músicas, capas de singles, demo-tapes e álbuns. Eu parto dos Estudos de heavy metal (BROWN; SPRACKLEN; KAHN-HARRIS; SCOTT, 2016), Estudos da Masculinidade (BOLA, 2020; CONNELL, 2015, 2005, 1987; KUPERS, 2005; VIGOYA, 2018), Estudos de Branquitude (BENTO, 2022; DYER, 1997; CARDOSO, 2014; SCHUCMAN, 2020) e Estudos de Cenas Musicais (SÁ; JANOTTI JR, 2013; JANOTTI JR, 2004), para melhor definir as nuances das masculinidades performadas off-line e online. Os conceitos de gênero enquanto “performance” e “processo construtor de uma ordem” (BUTLER, 2003; CONNELL, 1987), masculinidade hegemônica (CONNELL, 2005), hipermasculinidade (KUPERS, 2005), masculinidade marginalizada (CONNELL, 2005), branquitude (CARDOSO, 2014; SCHUCMAN, 2020), heterossexualidade (MOORE, 2009; SEGDWICK, 2007), homosocialidade (SEGDWICK, 2016; ROGERS; DEFLEM, 2022) classe (MOORE, 2009; NILSSON, 2009; WEINSTEIN, 2009) e neoconservadorismo (BARREIRA, 2022; LACERDA, 2018), definem as masculinidades deste estudo centralmente. Utilizarei, de modo interdisciplinar, as metodologias da história social do rock, história oral, história social da imprensa, jornalismo de rock, sociologia da música, estética, etnografia digital e estudos de som e música. Elas são as formas de acionar as fontes de pesquisa citadas, para saber as maneiras pelas quais funcionam as dinâmicas das relações de gênero na cena, como tais funcionamentos contribuem para a perpetuação de um regime masculino dominante e aparecimentos das resistências à ele. A hipótese é a constatação do controle amplo, na cena, de uma hipermasculinidade performada composta por traços masculinos socialmente regressivos, provocadores de desigualdades de gênero, posições políticas neoconservadoras, autoritárias e intolerantes, alinhada com a extrema-direita bolsonarista. As dúvidas são: como os seus marcadores sociais operam, definindo suas identidades, masculinidades e estabelecendo esse regime de masculinidade hegemônico? E, de quais maneiras, tais relações geram desigualdades de gênero, raciais e posições políticas neoconservadoras? Quem se opõem a tal configuração de masculinidade? Quais são os aspectos dessas resistências? E, por quais maneiras, elas resistem à hipermasculinidade neoconservadora bolsonarista?