TECNOLOGIAS DA MOBILIDADE E MODOS DE PRODUÇÃO DA NOTÍCIA INTERNACIONAL NA TV: ESTUDO DE CASO DA GLOBONEWS
Cobertura internacional; GloboNews; TV por assinatura; Tecnologias da Mobilidade; Correspondentes.
Esta tese investiga a cobertura internacional realizada pelos jornais da GloboNews, primeiro canal brasileiro de jornalismo na TV por assinatura, inaugurado há 25 anos. O objetivo principal da pesquisa é buscar compreender de que forma as tecnologias da mobilidade (CAVAVILHAS, 2021; LEMOS, 2007) influenciam os modos de produção da notícia internacional e a pauta sobre o mundo. O percurso teve cunho teórico- analítico, desenvolvido com revisão bibliográfica, mapeamento e análise das
experiências em mobilidade da rede de correspondentes da GloboNews no exterior, bem como das estratégias adotadas na apresentação do noticiário internacional do canal. A pesquisa respaldou-se em dez entrevistas exploratórias e de percepção com os profissionais mais diretamente envolvidos com a construção da notícia internacional: editor, chefe supervisor de Internacional, apresentadora e correspondentes internacionais. A cobertura sobre o mundo foi observada nos jornais, ao longo de toda a pesquisa (2017-2022), com o intuito de identificar as pautas, os formatos, a construção e a atualização das notícias, as características discursivas e estéticas das narrativas, a presença de correspondentes nos fatos e nas reportagens, o uso de tecnologias da mobilidade e, a partir de todos esses elementos, o modo de fazer da notícia internacional no canal. A seleção do material que compõe as análises constitui uma amostra intencional, que revela diversidade, e levou em conta o que esta tese identificou e propõe como paradigmas para o contexto de produção internacional de campo, em condições técnicas de mobilidade. Temporalmente, eles estão localizados entre a segunda década do século XXI e o início da terceira (2011-2022). Verificou-se que: o canal não depende exclusivamente do material selecionado e produzido pelas agências de notícias, mas segue pautando-se, principalmente, pela agenda e pelas prioridades temáticas de determinados países hegemônicos; as tecnologias da mobilidade asseguram a presença dos correspondentes nos jornais da GloboNews, especialmente com participações ao vivo (sem limitações de tempo e de frequência); o canal consegue oferecer à audiência um conjunto de leituras feitas por brasileiros de assuntos internacionais (às vezes, de quem está distante mesmo, como apresentadores, editores de Internacional, comentaristas e convidados especialistas; outras, de quem está mais próximo a eles, sendo testemunhas da realidade por vivência e acessando fontes locais, os correspondentes); a presença dos correspondentes freelancer, proporcionada pelas tecnologias da mobilidade, em países não hegemônicos, tem potencial para atrair o olhar e o interesse da GloboNews na viabilização de pautas sobre esses lugares e suas regiões.