INFRACINEMAS: figurações do (des)envolvimento e territorialidades em disputa no Complexo de Suape
Figuratividade. Ativismo audiovisual. Psicogeografia. Antropologia política das imagens. Território de imagens.
O Complexo Industrial Portuário (e Imobiliário) de Suape ocupa um destacado lugar no imaginário de desenvolvimento de Pernambuco e da região Nordeste. Há décadas, o discurso institucional e midiático sobre a infraestrutura do porto e do polo industrial propaga esses empreendimentos como a salvação econômica para o estado. O presente trabalho realiza uma cartografia da produção audiovisual engajada nas disputas de imaginários e territorialidades relacionadas a Suape. A partir das noções de psicogeografia, corpo-território e território de imagens, esta pesquisa aborda experiências cinematográficas que visam estabelecer relações críticas com a realidade socioambiental, utilizando-se da inter-relação entre uma antropologia política das imagens e uma historiografia do cinema político-militante. Busca-se identificar figuras do discurso de desenvolvimento e progresso que são contestadas por essas produções, em modos de encenação documentais e ficcionais, em suas expressões formais e na relação com o território. Esta pesquisa se dá, portanto, na disputa entre o imaginário de desenvolvimento econômico, progresso, e modernidade ocidental, que busca produzir
uma geografia política com suas infraestruturas, e uma intervenção audiovisual que se associa às populações atingidas em seus modos de vida diversais. O método de análise empregado nesta investigação conjuga as dimensões figurativas das imagens em suas territorialidades e das temporalidades, as relações entre história e imagem e uma mirada crítica dos projetos político-institucionais na implementação de grandes infraestruturas em seus impactos socioambientais para as populações. Abordam-se também os processos criativos, formativos e figurativos na realização do longa-metragem Fim de Semana no Paraíso Selvagem e uma potencial aplicabilidade das figuras de envolvimento, expressões relacionais entre modos de ser e de fazer audiovisual, numa perspectiva pluriversal.