ANIMAIS INFORMES: Do informe batailliano a Bela Tarr, perspectivas para alem do humano na construcao, em teia, de um corpo dissidente.
Bestiário, cinema, Georges Bataille, informe, mulheres
Partindo de uma memória de infância, em que meu corpo estava vinculado a animais condenados ao inferno, o presente trabalho parte da coexistência entre sujeito e corpus, manifestando-se através do meu encontro com alteridades para além do humano e construindo um corpo dissidente enquanto resposta. Esse encontro trouxe à tona animais que estavam adormecidos na memória e, a partir do conceito de informe, introduzido por Georges Bataille, encontra uma maneira de lacerar as imagens com o objetivo de investigar perspectivas para além do humano. Nesse sentido, invisto na tarefa de revirar as imagens com a intenção de fazer o baixo tocar o alto ou ainda o eu que desemboca em outras alteridades, sejam elas humanas ou não. Atentamo-nos à imagem da aranha, que condensa o cosmos, de modo que o universo se assemelha a uma aranha ou a um escarro. Segundo Bataille, essas criaturas imundas seriam a própria materialização do informe. O eu defronta-se com a ideia de bestiário, sobretudo a partir da construção poética de Manoel de Barros e Hilda Hilst. Em seguida, o filme Sátántangó (1994), de Bela Tarr, constitui um universo onde criaturas medíocres ainda conseguem afirmar os resquícios de sua dignidade, ao passo que a fotografia surrealista é um campo de análise para pensarmos a transgressão da diferença sexual. À medida que o estudo avança, buscamos aproximar o conceito de Bataille enquanto base teórica e filosófica para construção de um organismodispositivo, aprofundando as relações com o informe, com o objetivo de reavaliar as tarefas das formas sob novas formas.