BREGA FUNK E DEMBOW: paralelos entre música pop periférica brasileira e dominicana
música pop periférica; música urbana; gêneros musicais; afrodiáspora.
A dissertação tem como proposta analisar comparativamente dois gêneros musicais latino-americanos: o Brega Funk, que surge nas favelas da Região Metropolitana de Recife, no Brasil; e o Dembow, que emerge dos barrios de Santo Domingo, na República Dominicana. Ambos são entendidos enquanto expressões da música urbana (Rivera-Rideau, 2015; Dávila Ellis, 2019) e/ou do pop periférico (Oliveira, 2015; Pereira de Sá, 2021), que se tratam de musicalidades que se constituem e se popularizam sem mediação das grandes gravadoras, mas em forte vinculação com as camadas populares, enfrentando
estigmatizações advindas de alguns ramos da sociedade, da crítica musical e das mídia hegemônica. Indicativos iniciais demonstram que ambos os gêneros partilham de similaridades em variados sentidos, sem, entretanto, interatuarem de forma direta ou de serem mutuamente consumidos por seus países. Nesse ínterim, a pesquisa é construída a partir da questão de como esses gêneros musicais se formaram historicamente e quais paralelos podem ser percebidos ao compará-los em perspectivas sociais, mercadológicas, estéticas e performáticas. Parte-se da hipótese de que as analogias entre os dois gêneros musicais resultam de intensos trânsitos afrodiaspóricos. A dissertação se ancora então nas teorias da diáspora (Hall, 2003; Guerreiro, 2010), da amefricanidade (González, 1988) e do Atlântico Negro (Gilroy, 2001) para investigar os dois gêneros, em capítulos que trabalham metodologicamente com revisões bibliográficas, composições historiográficas e análises de objetos. Ao comparar o Brega Funk e o Dembow, chegou-se a resultados de que eles partilham de paralelos rítmicos, vocais, temáticos, territoriais, raciais, gestuais, de gênero e nas danças, enquanto frutos de cosmopolitismos estéticos (Regev, 2013) e demonstrativos de um “mesmo mutável” (Gilroy, 2001) através das diásporas negras.