Tudo é #publi? Uma dimensão sutil e complexa da nova roupagem da publicidade no cotidiano das pessoas.
Publicidade; Instagram; consumo; cotidiano; influência digital.
A ascensão da cultura participativa (SHIRKY, 2013) e do prossumerismo digital transformou as dinâmicas do marketing e da comunicação no século XXI. Os sites de redes sociais modificaram as formas de comunicar, comprar e se perceber, levando um número crescente de pessoas a querer ver e ser visto, aumentando seu valor. Nessa perspectiva, o Instagram se configura como um grande diário panóptico no Capitalismo de Vigilância (ZUBOFF, 2019), onde os amadores se utilizam de estratégias de visibilidade para compartilhar o cotidiano e ganhar força de influência em um mundo regido pelo capital e dominado por algoritmos (DOMINGUES, 2016). O sujeito comum se torna mídia e atinge seguidores como celebridades, podendo vir a se tornar, inclusive, uma delas. Essas transformações socioculturais impulsionam mudanças significativas no “fazer publicidade” e no que passa a ser considerado, de fato, uma publicidade, fazendo-nos questionar, por exemplo, se o compartilhamento de fragmentos do nosso cotidiano pode ser considerado uma forma de publicidade. Esta pesquisa de abordagem qualitativa busca problematizar o transbordamento do fazer publicitário numa publicidade cotidiana, porosa, imbricada com a rotina dos sujeitos, profundamente implicados em novas lógicas mercadológicas, comunicacionais e psicopolíticas (HAN,2020).