A NATUREZA JURÍDICA DOS GAMETAS E A VALIDADE DO INSTRUMENTO DE
CESSÃO DE SÊMEN NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL CASEIRA
inseminação caseira; autoinseminação; cessão de gametas; ordem
pública e bons costumes; direitos da criança.
A inseminação caseira é uma técnica reprodutiva que tem atraído um número
crescente de adeptos, resultando em um aumento significativo do mercado informal
de material genético, impulsionado pelas redes sociais e pelos elevados custos dos
tratamentos oferecidos por clínicas de fertilização, além da ausência de uma
regulamentação específica sobre o tema. Esta pesquisa investiga a validade jurídica
dos acordos de cessão de sêmen realizados nesse contexto doméstico, com base na
definição da natureza jurídica dos gametas e à luz da teoria do fato jurídico. O estudo
busca determinar se essa cessão é juridicamente válida e analisar seus efeitos e
consequências para as partes envolvidas. Para atingir esses objetivos, a pesquisa
utiliza uma abordagem interdisciplinar, combinando análise bibliográfica, documental
e jurisprudencial, bem como dados empíricos coletados em sites e redes sociais de
acesso público. O método adotado é o raciocínio dedutivo com uma abordagem
qualitativa, focada no fenômeno social da reprodução doméstica. Os resultados
indicam que, embora o negócio jurídico de cessão de gametas não possua vedação
legal expressa, os riscos associados à técnica e os abusos praticados pela ausência
de fiscalização estatal podem configurá-lo como uma violação à ordem pública e aos
bons costumes, o que, no entanto, não pode comprometer os direitos da criança a ser
gerada pela técnica doméstica.