Efeitos da Musicoterapia na Qualidade de Vida da Pessoa Idosa.
PESSOA IDOSA, MUSICOTERAPIA, QUALIDADE DE VIDA.
A ciência aplicada à saúde potencializou nas últimas décadas um exponencial crescimento da expectativa de vida, pois há pouco menos de 100 anos a expectativa de vida dos brasileiros era na faixa dos 40 anos, hoje chega quase ao dobro. A população total do país foi estimada em 212,7 milhões em 2021, sendo que o grupo etário com 60 anos ou mais representa 14,7% da população, o que em números absolutos é 31,2 milhões (IBGE, 2022). É notável o alargamento etário, devido à ascensão relacionada à saúde e ao estilo de vida da sociedade moderna. Porém, expõe os idosos a diversos tipos de patologias crônicas, degenerativas e psíquicas, que associada à senilidade, ocasiona fragilidade a essa população, com progressiva perda de autonomia e capacidade funcional, e consequente sujeição emocional, física e psicológica (Carneiro et al.,2017). A partir da abordagem psicogerontológica, existem 3 tipos de envelhecimento: normal, patológico e ativo. O 1º refere-se às mudanças naturais que ocorrem ao longo da vida, pelo declínio natural das funções cognitivas. O 2º relaciona-se com prevenção e tratamento de doenças e/ou maus hábitos de vida. E o 3º ocorre nas melhores condições possíveis (físicas, psicológicas e sociais), com poucas ou nenhumas perdas dessas habilidades, resultando em melhor qualidade e expectativa de vida. Portanto, implica e depende diretamente de certos fatores ambientais, como exercícios físicos, nutrição adequada, nível educacional, atividades sociais e de lazer, promoção de terapias alternativas, não farmacológicas, entre outros (Abrahan; Jaramillo; Justel, 2019). Diante do panorama de transição epidemiológica e demográfica, novos paradigmas influenciam as políticas e as práticas de saúde que visam atender às demandas do cuidado inerente ao envelhecimento e nesse cenário, a Qualidade de Vida (QV) é uma preocupação central do cuidado das pessoas idosas (Dias et al.,2024). Diversos estudos mostram que a musicoterapia causa efeitos benéficos em idosos, relacionados a melhora da cognição e memória; redução de sintomas emocionais, como depressão e ansiedade; aumento do bem-estar, aumento da satisfação com a vida; melhora dos aspectos físicos e/ou funcionais e a promoção de interação social, sensação de pertencimento e estímulo emocional (Leite et al.,2024;Tomazinho et al.,2023;Oliveira et al.,2024). A musicoterapia proporciona melhora significativa nas relações sociais, facilitando a expressão pela música, repercutindo nas esferas física, sociais, mentais e emocionais do indivíduo. É notável os benefícios dautilização da musicoterapia sobre a respiração, circulação sanguínea, estimulação da memória e alívio de dores oriundas de distúrbios psicossomáticos, físicos ou emocionais (Fritsch e Schneider,2025). Ademais, a musicoterapia está em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e plenamente alinhada aos princípios e diretrizes tanto da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa - PNSPI quanto da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC, ambas são promotoras do cuidado integral da pessoa idosa. Ao ser incorporada em 2017, a musicoterapia, como prática de saúde na PNPIC, ampliou as possibilidades de atenção humanizada e universal, especialmente para populações vulneráveis e em especial as pessoas idosas, sendo potencializada quando integrada a outras estratégias de cuidado no SUS. Assim, a musicoterapia se torna
uma ferramenta estratégica para melhorar a qualidade de vida dos idosos, em uma abordagem biopsicossocial, em consonância com o SUS (Brasil, 2018). Este projeto tem como objetivo avaliar o efeito da musicoterapia nos domínios da qualidade de vida das pessoas idosas segundo o Whoqol-Bref. A relevância dessa pesquisa está em investigar o efeito da musicoterapia na Qualidade de Vida (QV) das pessoas idosas, além de contribuir com a ciência na disseminação de uma modalidade terapêutica não farmacológica na promoção de saúde e integração social. As hipóteses são: Hipótese nula (H 0 ): não haverá melhora nos domínios da Qualidade de Vida da pessoa idosa, após as intervenções por intermédio da musicoterapia; Hipótese alternativa (H 1 ): haverá melhora nos domínios da Qualidade de Vida da pessoa idosa, após as intervenções por intermédio da musicoterapia. A justificativa da escolha do tema deste projeto de pesquisa está fortemente conectada a minha trajetória profissional como discente, enfermeira e cuidadora de pessoas idosas. Nos últimos anos, tive a oportunidade de trabalhar com as pessoas idosas e tive experiências promissoras. Uma delas aconteceu no curso profissionalizante de cuidadora, na qual fiz uma apresentação sobre a musicoterapia para idosos. Refleti e escolhi esse tema, porque, desde jovem, a influência da música sempre me despertou interesse, e como profissional de saúde pesquiso sobre os benefícios em relação à memória, nas relações sociais, pela interação dos participantes. Meses depois, palestrei sobre 'Musicoterapia para o público 60+ do Núcleo da Pessoa Idosa (NPI)/Universidade Aberta a 3ª Idade - UNATI/UFPE). Anos depois, experenciei, como cuidadora, encontros de musicoterapia em um Centro Dia para Idosos (CDI), e no meu estágio de docência, na disciplina de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), apresentei 'Musicoterapia e sua repercussão na saúde física e mental aos graduandos em Enfermagem. Fui voluntária de projeto de extensão da UFPE intitulado 'Música para o Coração' e a Alma’ para os pacientes do Hospital das Clínicas (HC/Ebserh) e participei do curso de extensão 'Oficina sobre construção de instrumentos musicais com materiais não convencionais’,do Deptº de Música (CAC/UFPE). Essa contextualização de minha trajetória na temática de musicoterapia, viabiliza aprofundar meus conhecimentos nos benefícios dela para a população idosa. Esse trabalho proporcionará uma compreensão sobre a musicoterapia e seus efeitos na qualidade de vida da pessoa idosa. A interação da musicoterapia na Gerontologia é o que me impulsiona em contribuir com esse estudo, instigando reflexões acerca da importância da música no cotidiano e suas conexões cerebrais, envolvendo múltiplas funções no ser humano. Portanto, a enfermagem pode encontrar na PICS e, em especial na musicoterapia novas perspectivas de cuidado que visem a humanização do cuidado integral à pessoa idosa, em novas interações biopsicossociais e espirituais. Assim, ações de saúde que trabalhem essa integralidade, em busca do equilíbrio, são essenciais para a saúde e aqualidade de vida das pessoas idosas.