“AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA ISQUEMIA-REPERFUSÃO RENAL NA HEMODINÂMICA E FUNÇÃO RENAL NA PROLE DE RATAS SUBMETIDAS A INFLAMAÇÃO GESTACIONAL”,
Programação intrauterina; Hipertensão; Isquemia-reperfusão;
Estresse oxidativo; NADPH oxidase.
A inflamação materna representa uma condição adversa no período
gestacional, causando prejuízos ao feto em desenvolvimento. Durante o processo de
inflamação gestacional, ocorre o reconhecimento de componentes bacterianos, como
o lipopolissacarídeo por receptores TLRs, e o sistema imunológico desencadeia uma
série de mediadores pró-inflamatórios, resultando em disfunção de órgãos fetais em
desenvolvimento. Estudos indicam que a inflamação gestacional causada por
lipopolissacarideo está associada a um aumento nos níveis de estresse oxidativo na
placenta, causando danos na função vascular na prole, o que pode contribuir para o
desenvolvimento de hipertensão e problemas renais. Assim, o objetivo deste estudo foi
examinar os efeitos da lesão renal aguda induzida por isquemia-reperfusão na função
renal e na hemodinâmica renal de ratos nascidos de mães que passaram inflamação
durante a gestação. Fêmeas de ratos Wistar, com 90 dias de idade e peso entre 200 e
250 g, foram acasaladas, e a gestação foi confirmada pela presença de
espermatozoides em esfregaços vaginais. As ratas foram submetidas à administração
subcutânea de soro fisiológico (0,5 mL/kg) constituindo o grupo controle (C, n=7), ou
lipopolissacarídeo (LPS, 0,5 mg/kg dissolvido em soro fisiológico), constituindo o grupo
LPS (n=9), nos dias 13, 15, 17 e 19 de gestação. Após o parto, foram separados dois
descendentes por mãe. Aos 120 dias, os descendentes nascidos de mães Controle e
LPS foram submetidos à avaliação da pressão arterial sistólica com manguito de
cauda e, posteriormente, colocados em gaiolas metabólicas para coleta de amostras
de sangue das veias da cauda, a fim de avaliar os níveis de ureia e creatinina. Em
seguida, os animais foram anestesiados e submetidos à cirurgia de isquemia e
reperfusão (30 minutos de isquemia bilateral) e reperfusão por 72 horas, ou cirurgia
simulada (SHAM). Os animais foram divididos nos seguintes grupos: Controle SHAM
(n=8), LPS SHAM (n=8), Controle IR (n=7) e LPS IR (n=6). Após 3 dias de reperfusão,
os animais foram submetidos à cirurgia de hemodinâmica renal em condições basais e
com infusão de angiotensina II, e, por fim, os animais foram sacrificados, e o córtex
renal foi coletado para avaliar a peroxidação lipídica, níveis de ânions superóxido e a
atividade da enzima pró-oxidativa NADPH oxidase. Antes da cirurgia de isquemia e
reperfusão, os ratos nascidos de mães que receberam LPS durante a gestação
apresentaram níveis mais elevados de creatinina sérica e ureia em comparação com a
prole controle, além de maior proteinúria e pressão arterial sistólica. Após 24 horas da
cirurgia de isquemia e reperfusão, os animais da prole LPS e controle que sofreram
lesão renal por isquemia reperfusão apresentaram um aumento significativo nos níveis
de creatinina e ureia em comparação com os grupos que passaram por cirurgia
SHAM, sendo este aumento mais acentuado na prole LPS que passou por cirurgia IR.
Ao avaliar a hemodinâmica renal, observou-se uma maior pressão arterial na prole
LPS Sham em comparação com o controle Sham, no entanto, esse aumento de
pressão foi mais pronunciado no grupo LPS+IR em comparação com o Controle+IR. O
grupo LPS+IR também apresentou menor fluxo sanguíneo renal e maior resistência
vascular renal em comparação com os outros grupos, tanto em condições basais
quanto durante a estimulação com angiotensina II. Ao avaliar o estresse oxidativo no
córtex renal dos ratos, observamos níveis mais elevados de peroxidação lipídica,
produção de ânions superóxido e atividade da enzima NADPH oxidase na prole LPS,
em comparação com a prole controle, e o aumento dos marcadores de estresse
oxidativo foi mais acentuado nos animais do grupo LPS, que passaram por lesão renal
aguda por IR, sugerindo que a inflamação materna resultou em maior sensibilidade à
lesão renal aguda por isquemia e reperfusão.