CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, ATIVIDADE INSETICIDA E MECANISMOS DE AÇÃO DO ÓLEO FIXO DE Syagrus coronata (Mart.) Becc. (Arecaceae), CONTRA INSETOS-PRAGA DA ORDEM COLEOPTERA
Licuri, inseticidas botânicos, besouros
O uso intensivo de inseticidas sintéticos no controle de pragas de grãos
armazenados tem gerado preocupações ambientais, sanitárias e resistência em
populações de insetos. Diante desse cenário, há um crescente interesse na
busca por alternativas mais sustentáveis e eficazes como os produtos de origem
vegetal. O óleo fixo extraído das sementes de Syagrus coronata (FOSc), planta
nativa do Brasil, tem se destacado como um potencial ferramenta no manejo
integrado de pragas, principalmente por sua rica composição em ácidos graxos
saturados, com destaque para o ácido láurico como composto majoritário
(59,88%), seguido pelo ácido mirístico (13,13%) e ácido cáprico (9,61%). Neste
estudo, foi avaliada a atividade inseticida do FOSc contra duas das principais
pragas de produtos armazenados: Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum.
Para S. zeamais, os ensaios demonstraram toxicidade expressiva tanto por
ingestão (CL50 = 2,58 μL/g; CL90 = 8,15 μL/g) quanto por contato (CL50 = 2,99
μL/g; CL90 = 6,21 μL/g), além de redução significativa na emergência de adultos
e na taxa de crescimento populacional. O óleo também inibiu, in vitro, a atividade
da enzima α-amilase do extrato intestinal dos insetos, sugerindo um possível
mecanismo fisiológico de ação. Ademais, apresentou baixo efeito residual contra
o inseto em estudo. Para T. castaneum, o FOSc também demonstrou atividade
tóxica, com CL50 de 212,08 mg/mL por contato indireto. A ingestão do FOSc na
dieta a 350 mg/g resultou em mortalidades de 31% e 52% após 7 e 14 dias,
respectivamente. Embora o óleo tenha apresentado baixa dissuasão alimentar,
provocou efeitos negativos sobre o ganho de biomassa e a eficiência de
conversão alimentar. As análises enzimáticas indicaram aumento da atividade
da α-amilase e redução das atividades de endoglucanase e exoglucanase, o que
reforça a ação antinutricional do FOSc. Dessa forma, os resultados obtidos
evidenciam o potencial inseticida e antinutricional do óleo fixo de S. coronata,
demonstrando sua eficácia por ingestão e contato, e apontando-o como uma
alternativa promissora e ecologicamente segura aos inseticidas sintéticos no
controle de pragas de grãos armazenados.