Avaliacao da toxicidade em doses repetidas e do potencial antitumoral da lectina coagulante das sementes de Moringa oleifera (cMoL)
proteínas, antitumoral, toxicidade, sarcoma 180
Lectinas são proteínas que se ligam a carboidratos em células neoplásicas, promovendo citotoxicidade. Sementes de Moringa oleifera contêm a lectina cMoL que apresenta propriedades biotecnológicas, como anti-inflamatória e antifúngica. A dissertação avaliou cMoL quanto a toxicidade em doses repetidas, a citotoxicidade in vitro e a atividade antitumoral in vivo. cMoL foi purificada conforme procedimento previamente estabelecido. O ensaio de toxicidade investigou camundongos Swiss (machos e fêmeas) tratados com cMoL (0,5, 5 e 50 mg/kg) pela via intraperitoneal (i.p.) por 28 dias consecutivos. Foram analisados o peso corporal, consumo alimentar e hídrico, parâmetros hematológicos, bioquímicos, histopatológicos e marcadores hepáticos de estresse oxidativo. A citotoxicidade foi analisada através do teste do 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazólio (MTT) e determinação da dose que inibiu 50% da viabilidade (CI50) de células de sarcoma 180 em 24, 48 e 72 horas. A atividade antitumoral foi determinada em modelo murino de sarcoma 180 com administração intraperitoneal de cMoL (0,5 e 5 mg/kg), NaCl 0,15 M (controle negativo) ou doxorrubicina (controle positivo). O grupo sham correspondeu ao animal sem tumor. cMoL na dose de 0,5 mg/kg não apresentou toxicidade sistêmica relevante, enquanto a dose de 5 mg/kg provocou alterações imunológicas nas fêmeas. A dose de 50 mg/kg causou aumento no consumo de água, elevação da ureia em machos, alteração na relação neutrófilo/linfócito em fêmeas. Todas as doses reduziram os níveis de glicose. Apesar dos tratamentos terem promovido alterações em marcadores hepáticos do estresse oxidativo, essa alteração não parece produzir efeitos toxicológicos sistêmicos relevantes, conforme os parâmetros hematológicos, bioquímicos e histopatológicos estudados. A lectina reduziu a viabilidade de células de sarcoma 180 (CI50 de 0,41 ± 0,017 mg/mL em 24 horas, 0,46 ± 0,014 mg/mL em 48 horas e 0,23 ± 0,001 mg/mL em 72 horas). No ensaio antitumoral in vivo, cMoL (0,5 mg/kg) reduziu em 55% o peso do tumor e melhorou parâmetros hematológicos, como a hemoglobina corpuscular média e os leucócitos. Diferenças significativas não foram observadas na dose de 5 mg/kg. O estudo definiu que cMoL na dose de 0,5 mg/kg não é tóxica e tem potencial antitumoral. Também que o uso por 28 dias de doses superiores a 5 mg/kg deve ser evitado, em especial devido aos efeitos sobre o balanço redox.