O acelerado e desordenado crescimento urbano da Região Metropolitana do Recife (RMR) tem gerado um aumento significativo na demanda por água. Embora o abastecimento ainda dependa majoritariamente de reservatórios superficiais, a utilização de águas subterrâneas tem se intensificado, especialmente após a crise hídrica da década de 1990, quando a perfuração de poços foi amplamente adotada. Essa exploração contínua tem provocado rebaixamentos acentuados dos níveis piezométricos, favorecendo a ocorrência de fenômenos como intrusão salina e subsidência do solo. Historicamente, diversos estudos buscaram caracterizar os aquíferos da região, mas sempre enfrentaram limitações quanto à cobertura espaçotemporal das redes de monitoramento. Nesse contexto, o uso de produtos de sensoriamento remoto surge como uma alternativa viável para suprir essas lacunas e apoiar estratégias de gestão sustentável das águas subterrâneas. Este trabalho propõe uma avaliação do rebaixamento dos níveis piezométricos dos aquíferos da RMR a partir da integração de dados de sensoriamento remoto e modelagem hidrológica. Inicialmente, foi realizada uma revisão de literatura para identificar os principais produtos aplicados à estimativa de recarga, com destaque para o CHIRPS como uma das fontes de precipitação mais utilizadas. Em paralelo, outra revisão foi conduzida com foco nas aplicações da plataforma FREEWAT na modelagem de aquíferos. Com base nos dados analisados, o modelo BALSEQ foi utilizado para estimar a taxa de recarga subterrânea na RMR, a partir de diferentes combinações de dados de precipitação e evapotranspiração. A incorporação do CHIRPS ao BALSEQ apresentou resultados satisfatórios na representação da recarga. Posteriormente, as taxas estimadas foram utilizadas como entrada no modelo FREEWAT, que permitiu simular o balanço hídrico e os rebaixamentos piezométricos. Embora a modelagem tenha apresentado alguns erros relativos, os resultados foram consistentes com estudos anteriores e indicam valores preocupantes de redução do nível da água subterrânea. Esses achados reforçam a necessidade de revisão e atualização das estratégias de proteção e uso sustentável dos recursos hídricos subterrâneos na RMR.