bicicleta compartilhada; Américas; sucessos; fracassos.

As primeiras bicicletas compartilhadas já eram recorrentes em Amsterdã, na Holanda, em meados da década de 1960. Nessa primeira geração, as bicicletas eram alugadas em pontos comerciais da cidade, mas o modelo não obteve êxito devido à falta de segurança e controle sobre os usuários que as utilizavam. Somente entre a década de 1990 e o início do século XXI, novos sistemas de bicicletas compartilhadas começaram a ser implantados na Europa, agora com equipamentos digitais que exigiam o cadastro prévio dos usuários. No que tange ao continente americano, as bicicletas compartilhadas surgiram mais recentemente, a partir do início da década de 1990, apenas no eixo norte-americano. O primeiro sistema de bicicletas compartilhadas foi lançado em Portland, Oregon, Estados Unidos, em 1994. Denominado Yellow, o sistema contava com 60 bicicletas espalhadas pela cidade, sem controle ou travamento. Entretanto, o sistema foi encerrado em 2001. Nas Américas, até junho de 2023, dos 781 sistemas registrados, 359 foram completamente encerrados, 266 permaneceram em operação, 89 estavam em fase de planejamento, 51 nunca chegaram a ser inaugurados e 16 se encontravam temporariamente fechados por motivos administrativos ou climáticos. Considerando a crescente ocorrência de sistemas descontinuados e a aparente menor preocupação com esses casos em relação aos sistemas que permanecem em operação, esta tese investiga os fatores determinantes para o fracasso ou sucesso dos sistemas de bicicletas compartilhadas nas Américas, considerando suas distintas realidades urbanas, sociais e econômicas. Adotando uma abordagem inovadora em escala continental, a pesquisa analisa a diversidade de contextos regionais, culturais e operacionais, destacando as diferenças entre sistemas ativos e encerrados. A metodologia foi estruturada em três etapas principais. Primeiramente, foi desenvolvido um marco teórico abrangente, explorando os avanços históricos e tecnológicos dos sistemas de bicicletas compartilhadas, além de analisar o comportamento e a adaptação desses sistemas durante a pandemia da COVID-19. Em seguida, foi realizada a coleta e análise de dados em fontes públicas e abertas, integrando variáveis demográficas, socioeconômicas, de mobilidade urbana, climáticas, topográficas e operacionais para a construção de dois bancos de dados: BD1 (n=576) e BD2 (n=217). Por fim, foram aplicadas modelagens mistas para testar sete hipóteses de pesquisa, como fator de inflação de variância (VIF), análise de componentes principais (PCA), regressões logit, e clusterização kmeans, a fim de identificar padrões e relações entre as variáveis e os sistemas analisados. Os resultados evidenciam que fatores como o modelo operacional (com estações, fluxo livre ou outros) são cruciais para a sustentabilidade dos sistemas. A pesquisa contribui para uma compreensão aprofundada dos fatores que afetam a continuidade e a operação desses sistemas, oferecendo subsídios para a formulação de governança e políticas públicas voltadas à mobilidade urbana sustentável. Os resultados reforçam ainda a importância de estratégias adaptadas às especificidades locais, promovendo a resiliência e a expansão dos sistemas de bicicletas compartilhadas em diferentes realidades urbanas.