Mapeamento de risco, Vulnerabilidade, Suscetibilidade, Mapeamento participativo.

Os problemas ambientais relacionados às mudanças climáticas têm gerado consequências significativas, tanto em nível local quanto na esfera global. Esses problemas têm tomado grandes proporções e repercussões, afetando populações e gerações presentes e futuras. Os desastres estão fortemente relacionados ao crescimento urbano, considerando os problemas socioambientais gerados no contexto local, que afetam sobremaneira a população, especialmente aquelas que habitam em ambientes urbanos mais frágeis. Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo aplicar uma metodologia para o mapeamento de risco associado a movimentos de massa, por meio de análises dos aspectos de suscetibilidade e consequências. Além disso, pretende-se utilizar metodologias participativas para contribuir com a redução de riscos e desastres (RRD) a partir das percepções de uma comunidade. Como área de estudo, foi escolhido o município de Jaboatão dos Guararapes, o segundo mais populoso de Pernambuco. Paralelamente, o município sofre com constantes deslizamentos nas encostas ocupadas, tanto devido à sua configuração físico-ambiental propícia quanto às ocupações desordenadas. A comunidade de Monte Verde representa tal característica. Entre o final de maio e o início de junho de 2022, devido aos distúrbios de ondas de leste, foram registradas chuvas excepcionalmente intensas no estado de Pernambuco, causando deslizamentos de terra e inundações. No Recife, o acumulado de chuvas em maio de 2022, medido pelo pluviômetro do Ibura, foi de 704 mm. As fortes chuvas e deslizamentos de terra na Grande Recife causaram 128 mortes e deixaram mais de 6 mil desabrigados, tornando-se o maior desastre em Pernambuco no século XXI. Em Monte Verde, foram registradas várias mortes. Para a elaboração do mapa de risco, foi desenvolvida uma metodologia própria, tendo como referência experiências anteriores de mapeamentos de suscetibilidade conduzidos pelo GEGEP/UFPE. A análise da vulnerabilidade foi realizada através da construção de indicadores associados a duas dimensões: físico-ambiental e socioeconômico-cultural. A suscetibilidade também foi avaliada por meio de indicadores desenvolvidos a partir da análise da geologia, geotecnia, pedologia, geomorfologia, processos e evidências de movimento de massa, uso e ocupação do solo e fatores antrópicos. O risco final foi obtido por meio de uma matriz que correlaciona o grau final de vulnerabilidade e suscetibilidade. A área de estudo foi dividida em quatro setores homogêneos, e o grau de risco foi definido para essas unidades territoriais. Dois setores foram classificados como de muito alto risco (R4), um como de risco alto (R3) e um setor como de risco médio. A análise de risco revelou que a comunidade de Jardim Monte Verde apresenta um alto grau de vulnerabilidade e um grau muito alto de suscetibilidade, resultando em um risco muito alto de deslizamento.