Avaliação da probabilidade de eventos de risco à qualidade das águas costeiras do estado de Pernambuco
ecossistemas estuarinos; modelos GAMLSS; indicador ambiental; monitoramento ambiental.
A zona costeira de Pernambuco enfrenta crescentes pressões antrópicas e climáticas que comprometem a qualidade ambiental dos ecossistemas estuarinos. Parte-se da hipótese de que o uso de modelos estatísticos generalizados, como o GAMLSS, é capaz de superar as limitações dos métodos tradicionais, flexibilizando pressupostos e integrando múltiplas escalas espaço-temporais, climáticas e antrópicas. Essa abordagem permite quantificar probabilisticamente os riscos, identificar variáveis determinantes e revelar padrões de degradação da qualidade da água. A pesquisa busca responder a três questões principais: (i) como a dinâmica espaço-temporal das concentrações de fósforo (P) e amônia (NH₃) influencia a qualidade da água em ecossistemas estuarinos da zona costeira de Pernambuco? (ii) quais variáveis ambientais, hidrológicas e climáticas modulam a depleção do oxigênio dissolvido (OD) nesses ecossistemas? e (iii) de que forma um índice de qualidade ambiental integra os efeitos de pressões antrópicas e fatores climáticos, evidenciando padrões de desconformidade em relação aos critérios legais de qualidade da água? Considerou-se dados de 2005 a 2019, distribuídos em três setores (Norte, Metropolitano e Sul) e duas estações (seca e chuvosa), além de variáveis como precipitação, distância da costa e ENSO. Os resultados iniciais referentes ao enriquecimento de nutrientes (NH₃ e P) apresentaram relação inversa com o OD em todas as condições e setores analisados. As maiores concentrações desses nutrientes foram encontradas principalmente no setor metropolitano durante a estação seca (NH3 = 4,1 mg.L-1 e P = 0,604 mg.L-1). O fenômeno La Niña, particularmente durante momentos de seca extrema (por exemplo, 2006 e 2017), levou a um aumento significativo na concentração desses poluentes, indicando riscos potenciais para a ocorrência de eventos de eutrofização nesses ecossistemas estuarinos. Como etapa subsequente, pretende-se modelar a depleção de oxigênio com base em três faixas de concentração (hipóxia, transição e ideal), incorporando variáveis ambientais, hidrológicas e climáticas que expliquem a variabilidade do OD. Essa modelagem permitirá identificar as condições críticas e os fatores de maior influência na ocorrência de eventos hipóxicos. Em seguida, será calculado o índice de conformidade ao enquadramento (ICE), que agregará parâmetros (OD, DBO, NH₃, P, pH e coliformes) para avaliar o grau de desconformidade em relação à legislação brasileira. Esse índice será posteriormente integrado a variáveis de uso e ocupação do solo, infraestrutura de saneamento e indicadores de saúde pública, permitindo identificar padrões de risco ambiental e social. Essa abordagem visa oferecer subsídios metodológicos para aprimorar o acompanhamento a longo prazo do monitoramento da qualidade da água e fortalecer políticas públicas voltadas à mitigação da poluição e à conservação dos ecossistemas estuarinos e costeiros.